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História vivida, memória construída: Quando o sertão encontrou o mar

Peço licença Neidinha, para desfiar aqui um pouco dessa teia de afeto que nos une.

Teia nascida em nossos 15 anos, quando o cancioneiro popular ecoava em nossa militância católica nordestina, entre os salesianos de Dom Bosco.

Afinidade na veia!

Separadas pelos quilômetros que distinguem Alagoas e Rio Grande do Norte, adentramos a juventude com troca de cartas, conhecendo o que cada uma vivia, pensava, sentia, e selando a amizade.

Mas a vida tem suas próprias manhas, e aqueles que se unem um dia podem também ser separados. Ofício da vida adulta é delimitar prioridades, foi assim que a teia esticou flexível e longeva, encobrindo experiências de amor e dor, vida e morte, ganhos e perdas, como todo conto abraça.

E quem mais senão a internet, para nos fazer reaproximar?!

De longe e ao mesmo tempo perto, passamos a observar militâncias, sintonizadas ainda com as causas do amor coletivo, banhado pela nordestinidade que nos fez guerreiras, sobreviventes, entre os nossos, simbologias da esperança.

Poderíamos ter seguido assim pelos tempos…

Mas o hiato foi finalizado em 2021.

De uma viagem terrestre a Fortaleza, Ceará, surgiu a possibilidade do reencontro presencial, subitamente elencado, aprovado e buscado pelo GPS, nas estradas retilíneas plenas de sertões sem fim!

Ops! O GPS mostrou um caminho menor!

Desbravadores de estradas, arriscamos. Chegamos em Grossos, um dos municípios da região de salinas, que oferecia uma rota marítima para Areia Branca, onde Neidinha nos esperava. Foi um misto de surpresa e presente fazer aquele trajeto embriagado de maresia e sal.

Abraços no reencontro trinta e cinco anos após o primeiro esbarrão juvenil!

Recebidos pelo calor natural dessa nossa gente hospitaleira, celebramos com cerveja, filé com fritas e camarão, tão inusitado quanto feliz momento!

Mas o melhor estava por vir.

Entre dunas altas e quentes descortinamos lugares incríveis. E o sertão beijou o mar à nossa frente.

De cactos espinhudos a um banho azul migramos em segundos.

Na praia de Ponta do Mel sentimos o corpo boiar na água salgada e fria, que refrescava o calor daquele mundo feito de cores, texturas e cheiros únicos!

Tanta alegria e alimento espiritual justificaram os 35 anos de espera e agora Alagoas aguarda o retorno de Neidinha, para guiar seus pés pelos alagadiços de cá.

O Nordeste do Brasil é ímpar em sua fabulosa conjuntura de natureza e gente.

 

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