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Há 30 anos, vereador que se assumiu gay era torturado, morto e esquartejado

Há exatos 30 anos parte do corpo do vereador de Coqueiro Seco Renildo dos Santos era encontrada por uma irmã. Era o violento e absurdo fim de quem assumiu publicamente a própria orientação sexual.

Renildo dos Santos denunciava as ameaças de morte, mas as instituições alagoanas lavaram as mãos.

A maioria dos vereadores de Coqueiro Seco aprovou requerimento para suspender o mandato de Renildo. Seu relacionamento com homens, diziam, era uma “desonra”.

Os executores e o autor intelectual demoraram anos para cumprir a pena. Só a partir de 2015. Renildo foi torturado, executado e esquartejado em 1993.

Um parente de Renildo teve de sair de Alagoas. Para não morrer.

Por anos Renildo foi bandeira dos grupos de direitos humanos em Alagoas e até virou comenda na Assembleia Legislativa.

O tempo foi dissolvendo a lembrança. A intolerância e o ódio fervem os olhos e a mãos de quem deseja exterminar o próximo, dos que pregam monólogos e não diálogos, dos que crêem numa democracia sustentada por pequenos grupos, o dos vencedores, cheios de vingança e fel.

Renildo defendia a sua ideia como a vereadora Marielle Franco defendia as suas.

Até hoje não se sabe quem construiu o plano para matar a vereadora. Ou talvez todos nós saibamos quem foi porque o condomínio de luxo onde morava um dos executores nem é tão grande assim.

Mas tanto Alagoas quanto o Rio de Janeiro possuem os seus representantes nos poderes oficial e paralelo. E quase sempre estes dois lados sentam na mesma mesa, petiscando regabofes.

E os intérpretes das leis também existem para salvarem seus iguais. Amigos são para isso.

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