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Há 107 anos nascia o Menestrel que fez a ditadura tremer

Teotônio Vilela virou um símbolo. Era senador quando deixou o lado dos militares e ficou entre os apoiadores da redemocratização. Milton Nascimento e Fernando Brant lhe homenagearam com Menestrel das Alagoas. Fafá de Belém transformou Vilela em lenda.

Há 107 anos nascia em Viçosa. A família era dona de engenho, passado escravagista. Os donos de engenhos viraram usineiros. Quase todos apoiaram o regime militar do começo ao fim.

Teotônio Vilela passou a pregar o fim daquele inferno. Sabia o custo político, social e econômico do regime. As mortes, torturas. O sufoco da censura, as ruas explodindo em pressão enquanto o atentado do Rio Centro dava ares de terrorismo de esquerda a um crime praticado pelos extremistas do Exército.

Enfrentou os riscos, os aliados que viraram inimigos. Visitou prisões e presos políticos, insistia num basta.

Morreu no meio do caminho, em consequência de um câncer. Morreu de pé, como se diz. Morreu, mas virou uma ideia. Ideias não se matam, não morrem, estão blindadas de tudo. Até do próprio fim.

Vilela não assistiu à queda da ditadura, fruto podre da extrema direita, dos hipócritas defensores da pátria, da família, da liberdade. Mas nos discursos das Diretas, ele- agora ideia- estava lá, nos palanques.

Não é herói nem um santo a ser venerado num altar. É gente necessária em períodos como os de hoje, no debate democrático.

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