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Gorduras trans: estudo orienta sobre malefícios à saúde‏

Diana Monteiro – Ascom/Ufal 

Os tempos modernos têm imposto à sociedade um ritmo acelerado de vida que em vários aspectos prejudica a saúde humana. A praticidade está diretamente ligada ao consumo de alimentos industrializados e ao hábito, a cada dia, de alimentar-se fora de casa. Isso ocasiona o consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans contribuindo para o aparecimento de graves doenças, dentre elas, o câncer.

Visando maior esclarecimento à população, para evitar o consumo de alimentos ricos em gorduras trans, a Faculdade de Nutrição (Fanut) da Universidade Federal de Alagoas tem desenvolvido, desde 2010, o Projeto de Extensão denominado de “Zero trans: preparações alimentares isentas de gordura trans para a saúde da população”. Coordenado pela professora Manuela Mika Jomori, o projeto já chegou ao interior de Alagoas, nos municípios de Traipu, Palmeira dos Índios e Penedo.

A professora explica que a gordura trans é encontrada em duas formas nos alimentos. Uma, em pequenas quantidades nos alimentos de origem animal, como a carne, o leite e seus derivados. No entanto, não acarreta graves problemas à saúde por ser formada por um processo de hidrogenação natural; A outra forma é obtida por um processo industrial, decorrente da hidrogenação parcial de óleos vegetais, fazendo a transformação de óleos vegetais líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente.

“A gordura trans industrializada não consegue ser reconhecida pelo organismo humano, consequentemente não é metabolizada e o seu acúmulo é extremamente maléfico à saúde. Ela age diretamente no aumento do colesterol total e do colesterol considerado ruim, o LDL, e reduz os níveis do bom colesterol, o HDL”, afirmou a pesquisadora.

Manuela acrescenta que a gordura trans é comercializada como gordura vegetal hidrogenada e é utilizada para melhorar a consistência dos alimentos, e também para aumentar a vida de prateleira dos produtos industrializados como, margarina, cremes vegetais, bolachas, bolos, massas prontas, sorvetes, dentre outros.

“Nas receitas, as gorduras trans podem ser seguramente substituídas. No pão, por exemplo, ao invés de manteiga ou margarina, pode-se colocar requeijão. E em receitas diversas que necessitem levar um desses produtos, pode-se substituir por óleo comestível líquido, o óleo de cozinha, que em sua composição tem soja, canola, milho etc. Vemos que há opções para a não utilização de gorduras trans e a maior beneficiada é a saúde”, destacou a pesquisadora Manuela Mika, coordenadora do curso de Nutrição.

Atividades e parcerias

O projeto integra o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Pesquisa (Pibip- Ação), da Pró-reitoria de Extensão (Proex). Envolve em suas atividades teóricas e práticas alunos de graduação em Nutrição, além de outros projetos na área de alimentação. Outros programas da Ufal, Novos Talentos, Restaurante Universitário,  Hospital Universitário e Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), também são parceiros.

“O RU é o importante espaço de estágio dentro da disciplina em Gestão na Qualidade da Produção de Alimentos, com resultados práticos que influenciam diretamente na preparação da refeição servida sem utilização de gordura trans”, afirmou Manuela Mika.  As atividades também são voltadas à rede pública de ensino básico de Alagoas, assim como a setores que trabalham com o Sistema Único de Saúde (SUS), como o Programa de Saúde da Família (PSF) do Estado.

Atualmente, os parceiros do Projeto Zero Trans são o Programa Cozinha Brasil, do Serviço Social da Indústria (Sesi), e um  Núcleo de Pesquisa na área de Gordura Trans, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde Manuela fez mestrado. A coordenadora informa  que no próximo dia 26 está prevista mais uma ação do projeto. A oficina será das 8h às 12h, dentro da disciplina de “Técnica Dietética” no Cozinha Brasil, do Sesi-AL, localizado no bairro da Cambona, em Maceió.

Oficinas e livro

A realização de oficinas de culinária integra a parte prática do Projeto Zero Trans que, atualmente, se encontra na fase de avaliação das ações proporcionadas ao público alvo da capital. “A equipe responsável por essa etapa é formada por alunos matriculados na disciplina de Técnica Dietética e realiza visitas para verificar se realmente houve o aprendizado. Desde a aquisição de produtos sem gorduras trans até o consumo de alimentos, e o resultado tem sido bastante positivo”, enfatizou a coordenadora Manuela Mika.

Os testes são feitos no Laboratório de Técnica Dietética da Faculdade de Nutrição, dotado de seis minicozinhas totalmente estruturadas com equipamentos e utensílios adquiridos com recursos do Pibic-Ação, para a realização das atividades práticas e didática.

Em 2011, foi lançado, durante a Bienal Internacional, o livro “Sabores sem Trans”, organizado pela professora Manuela Mika e de autoria das alunas Alyne Gomes da Silva, Bruna Merten Padilha e Jessica Melissa Santos Fontes, além de outros discentes colaboradores para a concretização da obra. Constam também no livro receitas de bolos, doces brasileiros, biscoitos e diversas receitas, todas desenvolvidas no Laboratório de Técnica Dietética da Fanut.

As alunas Sthefanny Faria, Sara Juliana Araújo e Larissa Bruna Barbosa são bolsistas que fazem parte da equipe do projeto. As demais integrantes são Larissa Correia Calheiros, Isabela Monteiro Lima, Iza Viviane Almeida, Lílian Sayonara e Alyne Gomes Silva.

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