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GE vende setor de eletrodomésticos para grupo chinês Haier

France Presse

O grupo americano cederia inicialmente a divisão ao grupo sueco Electrolux por 3,3 bilhões de dólares, mas em dezembro anunciou o cancelamento da operação, após a rejeição das autoridades americanas de concorrência.

A GE afirma em um comunicado que a venda recebeu a aprovação da direção da empresa, assim como da Qingdai Haier, mas que os acionistas do grupo chinês e as agências de regulamentação do país asiático também precisam dar o sinal positivo.

Essa transação personifica a natureza transformadora da economia global, com uma centenária companhia vendendo uma de suas principais unidades a uma companhia chinesa que surgiu de uma fábrica de refrigeradores que há 30 anos estava à beira da falência.

A Haier está tentando se tornar uma marca global, enquanto a China pretende concentrar mais a sua economia no consumo, longe da infraestrutura e do modelo que impulsionou o investimento no passado.

“A empresa chinesa está comprometida com o crescimento do negócio em nível global”, disse o presidente da GE, Jeff Immelt, no comunicado.

“A divisão de eletrodomésticos da GE está bem e muitos compradores potenciais se manifestaram, permitindo obter um bom acordo para nossos investidores, nossos clientes e nossos funcionários”, acrescentou.

Chefe destruiu refrigeradores com martelo
O Grupo Haier é o segundo maior fabricante de eletrodomésticos na China e surgiu a partir da Fábrica de Refrigeradores de Qingdao, com sede no porto de mesmo nome no leste da China, cujo presidente, Zhang Ruimin, foi designado para dirigi-la em meados da década de 1980.

Zhang é conhecido por sua enérgica reação para satisfazer as queixas de clientes, quando descobriu que 76 refrigeradores, dos mais de 400 armazenados, estavam com defeito.

Ele ordenou que seus funcionários deixassem esses refrigeradores em pedaços e conduziu pessoalmente a destruição com um martelo.

“Se permitisse que esses 76 refrigeradores fossem vendidos, isso significaria a permissão para que 760 ou até mesmo 7.600 desses refrigeradores defeituosos sejam produzidos amanhã”, declarou Zhang, segundo a agência de notícias chinesa Xinhua.

O martelo usado por Zhang agora está em um museu chinês, noticiou a Xinhua.

Os métodos de Haier foram estudados em escolas de negócios estrangeiras, inclusive em Harvard, mas sua exata estrutura de propriedade se mantém opaca.

Haier tem, segundo Immelt, “a pretensão de se expandir nos Estados Unidos, ter atividade na produção (no país) e investir mais”.

Os dois grupos assinaram paralelamente um acordo de associação de longo prazo para “explorar a cooperação nos setores de aparelhos conectados, de saúde e da indústria especializada”.

Oficialmente, o grupo chinês está dividido em várias unidades que são propriedade coletiva. Tem duas subsidiárias que operam na bolsa, a Haier Electronics em Hong Kong e a Qingdao Haier em Xangai, por meio da qual adquiriu a divisão da GE.

A Haier tem vínculos estreitos com o governante Partido Comunista da China e Zhang é membro alternado de seu Comitê Central.

O grupo teve um volume de negócios de 30,47 bilhões de dólares e ganhos de 15 bilhões em 2014, de acordo com sua página na internet, e tem atividades e clientes em uma centena de países.

A Haier comprou as operações da linha branca da companhia japonesa Sanyo em 2011, a primeira aquisição por parte de uma empresa chinesa de um segmento de negócios de um grande fabricante japonês.

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