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“Finda sedativo e sobra cloroquina”, desabafa médica

Como não sentir medo de chegar a uma UTI nesta hora grave pela qual passamos?

Eis o desabafo genuíno de uma médica que atua na linha de frente, entre os riscos e a sandice do nosso país, em desgoverno:

“A UTI que eu trabalho tá com o estoque de sedativo no fim e pediram pra gente trocar as medicações de imediato, colocar uma outra lá que não é a primeira escolha nessa situação, é usada mais em analgesia (dor).
Em compensação, tem cloroquina pra dar, vender, comer, passar no cabelo, mas não é mais rotina de prescrição e bem a verdade: não vejo em prescrição nenhuma já tem uns 2 meses. Ou mais.
Isso é revoltante num nível tão extremo que não tenho palavras.
Tô indo ali, pra um curso de emergência, sabendo que talvez eu tenha que adaptar diversas condutas porque o miserável desse presidente, que TODO MUNDO SABIA QUE NUNCA PRESTOU E MESMO ASSIM DEIXOU CHEGAR LÁ, não colabora com manutenção da vida das pessoas, tem gente demais sobrando nessa grande fazenda chamada Brasil.

Honestamente? Isso me faz realmente não perdoar genuinamente as pessoas que apoiaram isso um dia ou as que fazem silêncio perante o absurdo, o que acaba sendo a mesma coisa pra mim. É péssimo pra mim não achar que isso tem perdão, muito péssimo, porque dificulta minha socialização… Mas acho que mais péssimo ainda é chegar no plantão e ter que tirar da prescrição uma medicação que tem por função não deixar uma pessoa acordar e sentir dor, tendo um tubo enfiado na boca, só porque um palhaço medieval resolveu liberar seus instintos assassinos, genocidas.”  Doutora J. C.

Apesar do texto ter sido publicado na rede social da médica, optamos por exibir apenas suas iniciais, pois o que importa é o conteúdo e a reflexão que ele nos proporciona.

 

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