Férias: quebra da rotina é importante para o aprendizado, mas exige equilíbrio

João Victor Acioly

O período de férias escolares chega nas próximas semanas. Bom para as crianças que esperam, ansiosamente, pelo mês de recesso. Mas, e para a família, como transformar esse período em dias de diversão, crescimento e aprendizado? Brincadeiras em grupo, leituras, idas ao cinema ou teatro e até mesmo programas de TV e o vídeo game, todos, em medida balanceada, podem garantir boas horas de diversão e, principalmente, um alívio na rotina tão fundamental para o desenvolvimento intelectual quanto as aulas.

Conforme destaca a psicóloga Rochelle Rolim, do Hapvida Saúde, a pausa no ritmo agitado de aulas e atividades extracurriculares é necessária para evitar problemas que hoje são cada vez mais comuns: estresse e ansiedade. “É constatado clinicamente que quem exerce atividades repetitivas (como uma rotina escolar, de trabalho etc.) necessita de uma pausa mais prolongada com alguma frequência. Quando isso não acontece, a mente adoece. O corpo adoece”, ressalta Rochelle.

Programar atividades para as férias não é um problema. Organizar com os filhos brincadeiras em grupo, por exemplo, pode ajudá-los a desenvolver habilidades sociais e estimulá-los física e mentalmente. As viagens trazem novas experiências e oportunidade de conhecer lugares diferentes. Às vezes, não é preciso nem sair da cidade. Uma volta por um bairro diferente ou um passeio fora do roteiro diário já enriquecem o repertório das crianças.

A psicóloga Rochelle Rolim destaca, entretanto, que é fundamental que os pais não exagerem, criando rotinas rígidas para as férias. “Muitas vezes os pais acham que têm que encher a programação, levar a criança em todos os passeios, teatros, praias, viagens, quando, na verdade, ela só quer ficar em casa, jogando video game ou brincando com os amigos da rua. A verdade é que o equilíbrio é a palavra-chave”, afirma.

“Vivências que proporcionam a interação com o meio e com outros são sempre enriquecedoras, pois sabemos que as crianças têm uma enorme capacidade de absorção e percepção. Essas experiências vão construir sua visão de mundo, de homem, de sociedade e cultura. Mas isso não quer dizer que uma tarde jogando Xbox online com amigos não traga também alegria, satisfação e prazer”, acrescenta Rochelle.

Cuidado com os exageros

Deixar a criança aproveitar as férias livremente também não significa dizer que está tudo liberado, ela pode fazer o que quiser, dormir quando quiser e ninguém pode controlar. Rochelle Rolim destaca que os exageros também podem ser prejudiciais. Os vídeo games, por exemplo, costumam prender as crianças por horas e horas, em detrimento do convívio com outras pessoas e realização de outras atividades.

“Os vídeo games são excelentes estimulantes da rapidez e agilidade de raciocínio, bem como permitem o desenvolvimento da criatividade e a interatividade também. Mas, sempre é importante aplicar a eles a regra geral: equilíbrio. E cuidado com aquelas crianças que demonstram uma predisposição à compulsão. A infância é o melhor período para ‘cortar esse mal pela raiz’”, ressalta a psicóloga.

Atividades lúdicas devem fazer parte da rotina, mesmo em períodos de aulas

A psicóloga Rochelle Rolim chama atenção ainda para a importância das brincadeiras na rotina das crianças. Ela destaca que as atividades lúdicas são muito importantes para o desenvolvimento intelectual dos pequenos e precisam fazer parte da rotina mesmo em períodos de aulas. “As crianças ainda não alcançam alguns níveis de raciocínio e, sendo assim, têm dificuldade de colocar em palavras aquilo que sentem, pensam e como apreendem o mundo. O lúdico é a forma que ela encontra de se expressar e de organizar simbolicamente o mundo. A rotina da criança tem que ser organizada de forma que ela tenha algum tempo para brincar livremente”, afirma.

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