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Família de advogado assassinado no lugar de juiz quer indenização por crime

Alegando que houve falta de diligência e seriedade nas investigações sobre o assassinato do advogado mineiro Nudson Harley Mares de Freitas, a filha dele Yule Mares move ação judicial por danos morais e materiais contra o Estado pela morte do pai, em 3 de julho de 2009, no estacionamento de uma farmácia, na avenida João Davino, em Maceió.

A Procuradoria Geral do Estado busca provar, junto à Secretaria de Segurança Pública, que não houve negligência do Estado nas investigações. A SSP pediu à Delegacia Geral da Polícia Civil toda a documentação a respeito deste caso.

Mas, Yule Mares alega que as investigações foram arquivadas em 2009, constatando que o crime não teve autoria, e somente reaberto a pedido do juiz Marcelo Tadeu, três anos depois.

Parte das investigações deste crime está no Superior Tribunal de Justiça. Isso porque o juiz Marcelo Tadeu seria assassinado no lugar do advogado mineiro- ambos estavam próximos no dia e no local do crime e vestiam roupas de cores semelhantes, além de terem semelhanças físicas.

Dois nomes são citados, em papeis sob guarda do STJ, como autores intelectuais nesta trama: o empresário Walmer Silva e o desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas- hoje afastado das funções, por determinação do mesmo STJ.

A arma, uma pistola ponto 40, de uso exclusivo da policia, foi retirada do 59o Batalhão de Infantaria Militar- a sede do Exército alagoano. O preço do crime: R$ 20 mil. Após o crime, a arma voltaria ao Exército. E, ficaria como até hoje está: escondida. Nunca foi feito exame de balística para se comprovar que ela é a principal peça do plano.

Relembre

Às 19 horas, do dia 3 de julho de 2009, o juiz Marcelo Tadeu estava com a família no estacionamento de uma farmácia, na avenida João Davino. Seguiria para casa, no bairro de Guaxuma. Próximo a ele, o funcionário da empresa Qualitec- que prestava serviço para o Grupo Empresarial OAS- o advogado Nudson Harley Mares de Freitas. Uma moto parou próximo a Nudson. Tiros. Ele morreu no lugar de Marcelo Tadeu. Morreu porque foi confundido.

A documentação foi remetida a Brasília porque nela consta, textualmente, o nome do desembargador, Walmer e o executor do crime: Wendell Guarnieri.

Por que um desembargador estaria interessado na morte de um juiz? Marcelo Tadeu Lemos Oliveira, o magistrado, tem um histórico diferente da maioria dos integrantes do Judiciário local: ajudou a colocar, atrás das grades, integrantes da Gangue Fardada; à frente da Vara de Execuções Penais, extinguiu o regime semi aberto porque ele era “de fachada” em Alagoas; fechou o presídio São Leonardo por ele apresentar riscos aos presos; denunciou um usineiro na morte do tributarista Sílvio Vianna. E, na 4a Vara Cível de Maceió- que cuida também de processos de usineiros- lavrou decisões incômodas, como tomar bens dos milionários do setor do açúcar e álcool.

Mas, as atividades como juiz eleitoral no sertão trouxeram riscos maiores. Nomeado pelo desembargador Antônio Sapucaia (hoje aposentado), Tadeu cancelou doze mil títulos eleitorais e acusou um vice prefeito de ter diploma falso. Marcelo Tadeu cassou o mandato do prefeito-irmão do desembargador- e do vice. Eles recorreram ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e perderam. Reverteram a decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas, por causa do tempo, o prefeito só ficou dois meses na Prefeitura.

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