Exército entra em cena no Egito, após protesto com milhões de pessoas

As Forças Armadas do Egito deram um ultimato de 48 horas às forças políticas para que assumam sua responsabilidade e cumpram as reivindicações do povo. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira na TV estatal, os militares declararam que anunciarão um roteiro para o futuro e supervisionarão sua aplicação “se não forem realizadas as reivindicações do povo nesse prazo”. A entrada do exército em cena acontece depois que milhões foram às ruas ontem pedindo a renúncia do presidente Mohamed Mursi – exatamente um ano após sua posse.

Após o anúncio, um político de alto escalão da Irmandade Muçulmana disse à agênciaReuters que nenhuma instituição do Estado irá promover um golpe contra o presidente Mursi e alertou contra interpretações equivocadas de quaisquer comunicados do Exército do país. “Uma instituição do Estado vir e promover um golpe de Estado contra o presidente, isso não vai acontecer”, disse Yasser Hamza, líder do Partido Liberdade e Justiça, da Irmandade Muçulmana. “Qualquer força que for contra a Constituição é um chamado à sabotagem e anarquia”.

Mais cedo, a oposição havia dado um prazo de 24 horas para que Mursi renunciasse. “Damos a Mohamed Mursi o prazo de até terça-feira, 2 de julho, às 17h (12h de Brasília) para deixar o poder e permitir às instituições estatais preparar uma eleição antecipada”, afirma um comunicado do movimento Tamarod (‘rebelião’ em árabe). O movimento rejeitou o pedido de diálogo feito no domingo pelo presidente. “É impossível aceitar medidas insuficientes. A única alternativa é o fim pacífico do poder da Irmandade Muçulmana e de seu representante”, afirma o comunicado.

Diante dos últimos acontecimentos, cinco ministros do governo apresentaram sua renúncia ao chefe do executivo, Hisham Qandil. Os ministros de Turismo, Hisham Zaazu; Telecomunicações, Atef Helmi; Assuntos Parlamentares, Hatem Bagato; Meio Ambiente, Khaled Fahmi, e Recursos Hídricos, Abdelqaui Khalifa, pedem “a queda do regime” e apresentaram sua renúncia porque Mursi “não respondeu às reivindicações do povo, que saiu às ruas nos protestos de 30 de junho”, disse a fonte.

Sede da Irmandade Muçulmana é saqueada; mortos chegam a 20
O impasse político tem causado inúmeros confrontos entre islamitas e opositores. Nesta quinta-feira, ao menos 12 pessoas morreram em enfrentamentos na  na sede da Irmandade Muçulmana no Cairo,o que eleva para 20 o número de vítimas fatais nos protestos no Egito desde domingo à noite. Outras cinco pessoas perderam a vida em distúrbios similares em frente à sede do Partido Liberdade e Justiça (braço político da Irmandade) na cidade de Asiut.

As fontes acrescentaram que no total 713 pessoas ficaram feridas nos protestos, que foram pacíficos até o começo da noite de ontem. O ataque à sede da Irmandade – grupo do presidente  Mursi – começou ontem à noite com o lançamento de coquetéis molotov e pedras pelos manifestantes, enquanto de dentro do prédio tiros eram disparados contra os agressores. Entre os feridos há pelo menos um oficial da polícia egípcia, que foi baleado.

Após tomar o controle do edifício, situado no bairro de Muqatam, na periferia do Cairo, os manifestantes queimaram todos os andares do prédio e causaram danos materiais. Os escritórios da entidade foram saqueados e o grupo roubou equipamentos eletrônicos, móveis e documentos. Em entrevista à agência oficial “Mena”, um porta-voz da Irmandade acusou os agressores de terem explodido pelo menos dois bujões de gás na entrada do edifício e efetuado disparos contra a sede, o que teria deixado feridos. Além disso, denunciou que o ataque aconteceu “à revelia total das forças de segurança”.

Fonte: Terra

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