Ícone do site Repórter Nordeste

Exclusivo: União ‘tem de ser mais clara’ na segurança pública, diz Flávio Dino

MARANHÃO- O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), virou caso raro na política do Nordeste. Assumiu o comando de um Estado que há 5 décadas estava nas mãos de uma das mais poderosas famílias no país: os Sarney.

A aposta era alta para o fracasso do Governo do comunista. Candidato à reeleição, Flávio Dino fez um ajuste fiscal no Estado e cobra imposto de quem não paga.

Hoje, a máquina estadual tem bastante dinheiro para gastar. Desde 2015, os professores do Maranhão tiveram reajuste de 30,35% nos salários. Professor em início de carreira, com 40 horas, ganha R$ 5.750,83 no Maranhão, um dos estados mais pobres do país. Em São Paulo, a locomotiva nacional? R$ 2.298,80.

O Governo banca a construção de 5 hospitais regionais. E vai pagar para gerenciar todos eles. Dino- pouco antes de ser ouvido pelo blog- inaugurou um centro de odontologia que é o maior do Nordeste, com capacidade para atender 4 mil pessoas por mês. O Maranhão lidera na quantidade de desdentados no Brasil. Herança da era Sarney.

O Governo gasta R$ 240 milhões por mês em saúde. A União repassa R$ 25 milhões.

O crescimento político de Flávio Dino no Nordeste assusta os Sarney- que apostam em Roseana, filha do ex-mandatário do Maranhão, na disputa ao Governo este ano- e incomoda Michel Temer. O presidente recusou nomear o irmão de Flávio, Nicolau Dino, para a chefia da Procuradoria Geral da República. Nicolau foi o mais votado entre os integrantes do Ministério Público Federal para assumir a PGR. Temer, no entanto, de olho em Flávio, quebrou a ordem (implantada pelo então presidente Lula, aliado de Dino) e nomeou Raquel Dodge. Pedido do amigo-irmão de Temer, José Sarney.

Nesta quinta-feira (1), Flávio Dino deveria estar em Brasília para encontro com todos os governadores. Na pauta? Segurança pública. Quem vai é o vice, Carlos Brandão Junior, filiado ao PRB.

A medida temerária é adotada após a intervenção federal na segurança, no Rio de Janeiro, hoje monitorado pelos canos dos fuzis do Exército, apontados para os morros cariocas.

Os governadores serão apresentados oficialmente a Raul Jungmann, deputado federal por Pernambuco. Ele é o novo ministro-extraordinário da Segurança Pública.

Jungmann e Flávio Dino se conhecem bem.

“O Raul Jungman foi deputado junto comigo, é um quadro político muito preparado, qualificado, tem grande experiência e eu tenho esperança que isso ajude a melhorar a segurança em nosso país”, disse com exclusividade, ao blog.

O que espera Flávio Dino? Que Jungmann consiga destravar a criação do Fundo Nacional de Segurança Pública, instituído há 17 anos, e que nunca virou prática.

Em seguida? Todos os personagens envolvidos na segurança pública- União, estados e municípios- possam atuar em conjunto.

“Eu tenho esperança de que as propostas que tramitam há muitos anos possam avançar. Por exemplo: a criação do Fundo Nacional de Segurança Pública.Temos outros fundos como penitenciário, que tem nos ajudado, incluindo neste tema de renovação dos prédios, de compra de equipamentos, então eu acho que, apesar de limitada, é uma experiência que pode servir de referência para a criação do Fundo Nacional de Segurança Pública, exatamente para que haja uma ação conjunta, liderada pelos estados porque a Constituição assim determina, mas com apoio mais claro do Governo Federal”.

Bastante assediado para fotos, o governador seguiu a sua agenda política após conversar com o blog. A distância do Maranhão para Brasília é de 1.600 km. Para os Sarney e o Planalto, porém, é um inimigo perto demais. E que pode virar uma grande expressão do Nordeste, região que busca falar grosso na hora de votar à Presidência da República.

Sair da versão mobile