Uma pesquisa realizada pelo instituto Quaest apontou que a esquerda conquistou vantagem expressiva no embate narrativo travado nas redes sociais contra o Congresso Nacional, após a derrubada de um decreto presidencial que elevava a alíquota do IOF. O monitoramento, feito entre 24 de junho e 4 de julho, analisou mais de 4,4 milhões de publicações em plataformas como X (antigo Twitter), Instagram, YouTube, Facebook e portais de notícia. O conteúdo gerado no período atingiu, em média, 32 milhões de contas por hora, refletindo a forte mobilização digital em torno do episódio.
De acordo com a análise, 61% das menções ao Congresso tinham conotação negativa, com destaque para a hashtag “#InimigosDoPovo”, que apareceu em aproximadamente 300 mil postagens. Expressões como “Congresso da Mamata” também foram recorrentes, demonstrando o descontentamento público com a postura do Legislativo. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tornou-se um dos principais alvos das críticas, sendo citado em 8% das mensagens analisadas.
Ao contrário de outras situações de crise institucional, quando o governo federal costumava ser o foco principal de críticas nas redes, desta vez a estratégia da base aliada foi mais ofensiva. Deputados e senadores governistas foram responsáveis por cerca de 50% das postagens sobre o tema, superando a oposição, que respondeu por apenas 31,5%. O centro político completou os 18,5% restantes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteriormente visado em campanhas digitais, foi mencionado em apenas 15% das postagens — das quais 45% tinham tom positivo, segundo o levantamento.
A pesquisa revela uma inflexão na relação entre redes sociais e política institucional. Analistas da Quaest apontam que a esquerda tem aprimorado sua presença digital, mobilizando influenciadores e adotando táticas como o uso de vídeos, memes e até inteligência artificial na produção de conteúdos. A campanha digital recente expôs o Congresso como principal foco da insatisfação popular, deslocando o tradicional desgaste da esfera do Executivo para o Legislativo.