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Espiritismo nunca será bolsonarista

Para começo de conversa, o mercado da mediunidade ostensiva não vende Espiritismo em suas prateleiras de autoajuda, simples assim

O que não pode ser considerado simples, é misturar na mesma massa Doutrina Espírita, Bolsonaro e Kardec, pois a incompatibilidade denuncia mau uso do legado kardeciano e má fé dos que propagam ignomínias na manipulação descarada da fé.

Doutrina Espírita é a revelação da vitória suprema. Consolo para todas as dores, estímulo ao desenvolvimento das virtudes, cura para o que parecia incurável: a presença da maldade no ser.

Allan Kardec o codificador do Espiritismo, além de reunir qualidades morais reconhecidas, jamais isentou o próprio trabalho da submissão racional ao crivo cientifico. Jamais se apropriou das revelações dos espíritos. Nunca se pretendeu holístico.

No contato com a Doutrina Espírita o encarnado se descobre caminheiro cósmico em uma marcante romaria de aprendizados existenciais. Confronta a própria consciência, reconhece o outro como extensão de si mesmo em necessidades e direitos, sonha com a paz da maturidade espiritual.

Estudando Allan Kardec o neófito admite mais facilmente o valor do esforço de entendimento, no filtro da fé raciocinada que humaniza, espiritualiza e liberta de atavismos; abrindo eras de luz para a mentalidade, o que possibilita de todas as maneiras os impulsos de melhoramentos, cuidados, desenvolvimentos e renovações, que afinam os acordes da evolução.

Viver a Doutrina Espírita é descobrir que existe o fio tênue da harmonia social possível, e perceber que as fomes saciadas concorrem para a pacificação enquanto as desigualdades de acesso ao necessário promovem dores fundas, que não podem simplesmente ser deixadas de lado. A coerência faz parte da fé que raciocina.

Allan Kardec retirou os véus que ocultavam os rostos das humanidades, rumo a outros tempos, unindo ciência e espiritualidade. Se uma religião nasceu neste berço de libertação o amor divino construiu a ponte entre mundos, renovando as estradas e o jeito de caminhar na fé.

O lócus imediato de vivência espírita é o chão sobre o qual caminham os pés da humanidade encarnada. Apta ao aprendizado sobre si mesma, mas portadora de fraquezas, ilusões, temores, carências, que a torna vulnerável em seu estado de ignorância.

Instruir e libertar são forças diluídas nas vertentes de relação com o além como expressão de amor, e este amor respeita a vida, a fraqueza e a necessidade. As orientações kardecianas ligam Doutrina Espírita ao Cristianismo, e esparge a luz maior que banha a todos nós espíritos encarnados e desencarnados na esperança da felicidade.

O legado crístico é pleno de exercícios de fraternidade, na denúncia da injustiça, do uso da força e da hipocrisia, exemplificando os caminhos do acolhimento ao que sofre, erra e tomba na discriminação.

Cristo é pacificador. É justo. É misericordioso. Distribuiu o pão da vida e lavou os pés dos que lhes eram menores. Ser espírita é seguir com Cristo e com Kardec.

Viu como não foi possível falar de Bolsonaro neste contexto para não baixar a vibração?

Quem compreende Jesus de Nazaré e Allan Kardec jamais defenderá violências como soluções sociais, sejam elas quais forem.

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