BLOG

Espiritismo e piedade

Mesmo que as horas espalhem medo e ansiedades, mesmo que algumas lutas nos pareçam inglórias e perdidas, mesmo que venhamos a curvar sob o peso daquilo que não compreendemos ainda, salvemos a confiança no projeto ousado de Deus para cada um de nós, a despeito dos nossos confusos sentimentos.

As experiências precisam se dar, os fatos precisarão nos afetar, e as provas de crescimento moral exigirão exercícios longos de paciência, porque já descobrimos as falhas da pressa e desejamos acalmar os mares bravios dos instintos para enfim atracarmos na bonança da paz interior.

Somos a obra em ganho de formas. Quando este (re)nascer nos encontrar maduros, saberemos evitar as dissenções inúteis e caminharemos verdadeiramente eretos pelas sendas da civilidade. Nos perdoemos as inaptidões. Mas sejamos firmes nos propósitos do amor, que em termos existenciais ultrapassam teorias e materializam convívios.

Na Ciência Espírita de Herculano Pires, encontramos a frase: “A Ordem Divina é regida por Deus, mas a ordem humana é dominada pelo homem, no aprendizado da vida terrena.” Nesta seara se acumulam erros, equívocos, confusões, mesmo quando o desejo da luz é propulsor. Desenvolvamos em nós a capacidade de compreensão.

Compreender é retirar a nódoa. Exercitar este amor que parece ridículo às cartilhas mundanas é acertar o caminho redentor, sem exigir o que não nos pertence, ou seja, o arbítrio alheio.

Eis o legado moral do Espiritismo em nossas experiências de vida, nos protegendo do senso de destruição. Seremos convictos em princípios de civilidade, e saberemos para onde rumam nossos pés. Para Herculano Pires, ainda na obra Ciência Espírita, “sem uma base de convicção firme e de fidelidade à obra de Kardec não poderemos curar-nos a nós mesmos, quanto mais aos outros.” Eis o arbítrio da liberdade, em sua expressão de responsabilidades pela semente espalhada.

O solo da vida está aberto à fertilização. Como espíritas poderemos espalhar benevolência, ainda que movimentemos as lutas árduas no tumulto das desigualdades, que são sempre uma afronta ao amor.

Para que estejamos nesta hora grave mais propensos ao cultivo do bem em nós e no entorno, fechamos esta reflexão com mais um trecho de Herculano, no livro acima citado: “O objetivo da vida é o desenvolvimento das potencialidades que trazemos em nós como sementes de angelitude e divindade semeadas na imperfeição humana.”

Aos irmãos de jornada, nossa fervorosa vibração de irmandade e a lembrança de que esta hora de prova não nos isenta da fé e da piedade.

 

SOBRE O AUTOR

..