O que será que impele tantos espíritas brasileiros a viverem em busca de líderes?
Caso esteja errada nesta inquietação, peço que me perdoem a ousadia. No entanto, tenho observado que há um movimento confluente em busca de apego a uma referência humana encarnada que prove o quanto de sapiência tem sobre Espiritismo ou mediunismo, para ser quase idolatrado!
Chico Xavier já ocupou este posto, e semeou o bem -querer entre os desesperados que encontraram alívio em suas cartas e acolhida em suas palavras doces. O mesmo Chico que alguns rejeitam por ter justificado e até defendido a ditadura militar.
Divaldo Franco arrasta multidões e há muito deixou de ser mero palestrante ou médium espírita, pois se transformou em celebridade a trafegar entre outros célebres para amparar os órfãos. Mas está com mais de noventa anos e tem decepcionado inúmeros com seu apoio a discursos baseados em fake news e simpatia por Bolsonaro, o genocida que está na presidência do Brasil.
Entre os simpáticos ao divaldismo já existem possíveis sucessores da sua fama, tendo como base a psicografia que movimenta a indústria livresca na seara espírita, comovendo a classe média e rica com romances ou narrativas de justiçamento vindo do “andar de cima”, enrolando destinos e tramas, onde a história sempre começa quando alguém desencarna.
Contudo, na ponta dita progressista não é tão diferente assim. Muitos adeptos cercam estudiosos com afã personalista, e também há concorrência pela celebrização do nome.
Em meio a tudo isso, a resposta vem simples e ao alcance das mãos: Kardec. Basta fazer leituras dosadas, ao longo da vida onde brotam as provas, talvez as expiações, mas certamente onde está o celeiro das experiências que podem nos amadurecer para a autonomia e ensinar que não precisamos confundir o ego dos médiuns para encontrar os caminhos.
Sim, a autonomia incomoda e assusta, mas sem ela seremos manadas, inevitavelmente.
Se podemos errar, que nos arrisquemos passar pelo crivo das revelações, deixando que deslizem os véus. Por mais estonteante que nos pareça a realidade, será a partir dela que movimentaremos os passos rumo à evolução.
Nenhum frenesi amadurece ou liberta o espírito. Nossa fome tem sido de verdade e nosso maior empecilho por certo, são os vícios que acalentamos.
Instante fecundo ronda o Espiritismo no Brasil, e desafia quem de fraqueza alimentar a si mesmo.
De aprendizado e prece podemos buscar um encontro fraterno com Kardec e Jesus neste dado minuto. Assim possa ser!
6 respostas
Ó doce irmã, o que você quer mais?
Eu já arranhei minha garganta toda
Atrás de alguma paz.
Agora, nada de machado e sândalo.
Você que traz o escândalo,
Irmã-luz. (…)
Se ninguém tem dó, ninguém entende nada
O grande escândalo sou eu aqui, só.
Excelente reflexão. Uma vez eu li que Deus criou o homem e o homem criou o ídolo…
Muito boa a sua reflexão. Obrigado.
Só o fato de vc duvidar ou tentar expor o nome de Divaldo Franco ,nessa opinião, a meu ver já, não te descritibiliza.Em nenhum momento, eu vi espíritas procurando lideranças,se estão, é porque não o são, provavelmente alguns querem motivo para declarar voto contrário ,isso é lamentável.
Será que as pessoas criaram líderes ou os líderes permitiram criar-se? Ouço críticas duríssimas relacionada a algumas pessoas ditas líderes e estudiosos da Doutrina Espírita. Tanto dos “chiquistas “, “divaldistas”, “herculanistas”, “bezerristas”, etc, como a ala mais progressista trocam farpas calorosas revestidas de falsa humildade, muitas vezes esquecendo-se do Amai-vos, da tolerância e da educação. O que fazer? Não podemos ter ídolos, isso é bem verdade. Mas o que fazer com essas pessoas notórias, por sinal, dentro do movimento Espírita? Devemos também esqueça-las como referências boas? (Referências)! E se esquecermos delas, adotaremos quem como referência de pessoas que lutaram contra seus vícios? Elas fazem mais bem ou mal? Sabemos que Jesus é o guia, contudo, o que fazer com essas pessoas, descarta-las? Lembrando que são somente provocações essa minha fala.
Perfeito.