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Espírita evangelizado, política e redes sociais

É madrugada e não consigo dormir antes de escrever este texto, porque algumas coisas ficam corroendo o pensamento e precisam explodir em reflexões. Que seja!

Eu vi a criança participando do Evangelho no Lar, Evangelização da Infância, salas de passe, e tudo o que o figurino tradicional espírita recomenda; hoje é um jovem “normal” e escreve horrores contra “PTlixo” na rede social.

Ele está em consonância com seu meio. Mas…onde ficou o Evangelho nesse contexto?

Os espíritas com quem ele convive, seus amigos, suas referências, fazem a mesma coisa.

Quem vai salpicar água gelada no rosto dessa gente?

Como conseguem fazer a cisão entre Evangelho e vida social dessa maneira? Como embarcaram na desumanização dos inimigos políticos com tal verve? Por que eles possuem “inimigos” políticos entre os “petistas”?

Dentre as costumeiras agressões verbais que alguns dirigem ao que escrevo, é comum encontrar “acusações” de petismo e comunismo, figurando como negações da minha pertença ao espiritismo. Ou seja, foi “naturalizado” que ser espírita é ser anti-petista e anti-comunista, escancarando o tamanho da pobreza filosófica que ronda as casas espíritas brasileiras na atualidade.

Como humanista que sou, é no Evangelho de Jesus que embaso uma militância ativa em prol das minorias (hoje alvo do fascismo tupiniquim) e considero gravíssimo ver a juventude espírita destratando quem não segue a cartilha do Jair, que por sinal, do espiritismo está há milhas de distância, muito mais interessado em implantar os ditames pentecostais de Silas Malafaia.

Este é mais um fenômeno que desponta para nos fazer refletir, sobre a anomalia que o último pleito eleitoral desencadeou nos comportamentos dos espíritas, que se tornaram reprodutores da cultura truculenta que caracteriza o “mal estar” eleito para a presidência do país.

Expectativas: Expulsar do país os brasileiros que votaram em Haddad! Punir os esquerdistas! Metralhar os petistas! Como assim? Não se pode defender isso nas redes sociais e dizer que é espírita, sem comprometer desde a cúpula (que não se posiciona) até a mais simples casa.

Conteúdos do ESDE – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita- parecem não ter alcançado a essência, mantendo o brilho superficial dos polimentos leves.

Talvez o tom de desabafo esteja forte, na mesma medida do alívio que agora sinto ao ter conseguido registrar esse fato digno de atenção, para que o Amor não se torne eco perdido, e o Espiritismo continue a ser compreendido como regaço acolhedor, sem a mácula das simbologias fascistas.

As eleições foram concluídas, mas a política segue sua rota. O “mal estar” ameaça irmãos brasileiros e as casas espíritas podem ir além da conivência, e se tornarem mesmo territórios de apoio emocional e espiritual para os perseguidos, reconhecendo que  muitos espíritas avalizaram a implantação dessa política desumana.

Alguns dirigentes até expulsaram frequentadores, coagiram outros tantos e assumiram um autoritarismo doentio, incompatível com a doutrina e com a função.

Mas pelo Evangelho ainda podem ser despertos e aos invés de lavarem as mãos, abrirem os braços para reconciliar e amparar, exemplificando à juventude de acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo, que jamais desistiu de nenhum de nós.

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