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Espírita cancela CPF?

Como espíritas temos a acolhida das explicações doutrinárias no intuito de aplacar as sacudidelas de níveis tectônicos que a história brasileira da atualidade nos permite viver.

Assim sendo, consideramos o lodo uma composição de adubo, e formas de vida dali brotarão em resumos autônomos de tempo.

Por isso, também, este texto não é um decreto de juízo de valor. Mas não se exime da criticidade necessária, na análise dessa história que possui vasto lamaçal a engolfar a saúde de um povo.

Precisamos então falar sobre espíritas constituírem relações mitificadoras com um político que deliberadamente cancela CPFs.

O Cadastro de Pessoa Física, geralmente utilizado pela Receita Federal para acompanhar os indivíduos na condição de contribuintes teve seu “cancelamento” apropriado pelo linguajar policialesco mais raso que nosso país tem sido capaz de gerar.

Não raro, nesse caso, ouvir apresentadores de programas tendenciosos, que espetacularizam a violência cotidiana de uma sociedade desigual e excludente na responsabilização rasteira dos fracassados economicamente, culturalmente e socialmente, que somam o produto imediato de um tempo onde humanamente fracassamos enquanto nação.

Assim, cancelar CPF tem sido a missão de agentes ligados a um Estado de polícia que atua severamente na destruição de corpos, ou seja, por trás de cada CPF cancelado morre um filho de Deus.

Este aspecto precisa ser resgatado, temos urgência humanitária de fazer isso e devolver aos nossos irmãos espíritas que seguem apoiando Bolsonaro, o presidente que tem demonstrado na mídia sua adesão ao “cancelamento de CPFs” entre outras situações que o colocaram sob o estigma da responsabilidade pela morte evitável de milhares de brasileiros, pela ausência de políticas sanitárias e investimento na ciência durante uma pandemia.

Nem mesmo as orientações mistificadoras que tem sido utilizadas para nublar a real compreensão do fenômeno político e pandêmico brasileiro podem fazer a mesma coisa com a imagem de Bolsonaro em campanha pela morte. Até onde os irmãos espíritas pretendem levar a anestesia moral que os segura nesta lamentável condição?

Se de um pântano é possível brotar flores, como já dissemos tantas vezes em nossas palestras espíritas, no intuito de libertar mentes culpadas, talvez tenha chegado a hora exata de permitir que a consciência desperte e brote alguma dignidade diante das dores desse mundo, que muito mais do que um lugar para se matar e morrer, é um território propício para renascer.

 

 

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