Especialistas discutem neoindustrialização do Nordeste

O potencial de neoindustrialização do Brasil, tendo como protagonista o Nordeste, a partir do Powershoring – estratégia de descentralização da produção em regiões como a Europa e Ásia para países próximos a centros de consumo e que oferecem energia limpa, barata e segura – é o foco do evento Powershoring: Transição Energética e Neoindustrialização de Pernambuco, a ser realizado no dia 23 de abril, em Recife.

Organizado pelo Governo do Estado de Pernambuco, em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) e a International Finance Corporation (IFC), o encontro visa estimular o diálogo para a construção de planos de ação para a efetivação de investimentos verdes na região.

Em função da disponibilidade de fontes energéticas renováveis e complementares e de infraestrutura industrial e portuária com proximidade a centros de produção e de consumo nacionais e internacionais, a região Nordeste pode liderar a atração de investimentos em Powershoring, parte fundamental da agenda de neoindustrialização do país. O evento vai reunir empresas, investidores, formuladores de políticas públicas e demais setores da sociedade civil, das 8:30h às 12h, no Cinema do Porto Digital, no Recife.

Serão abordados nos painéis temas como Powershoring e as oportunidades para o comércio local; potencialidades do Estado e políticas públicas; e fontes de financiamento. Entre os palestrantes, estão o vice-presidente para setor privado no Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Jorge Abarche; Claudia Noel, da área de Transição Energética do BNDES, e secretários do governo pernambucano. A diretora executiva do iCS, Maria Netto, também estará presente no evento.

“O iCS está comprometido a impulsionar um modelo econômico para o Brasil que impulsione seu potencial de geração de energia renováveis, como a solar e eólica, e associar esse potencial à atração de investimentos e desenvolvimento de indústrias verdes e cadeias de valor que apoiem o desenvolvimento local e inclusão social (powershoring). O Brasil, e em particular o Nordeste, possui um dos maiores potenciais no mundo de expandir a matriz elétrica limpa e oferecer custos de produção de energia atrativos necessários para aproximar e escalar investimentos para a descarbonização da indústria e também de novas indústrias verdes, com potencial de gerar emprego e renda, diversificar a produção local, gerar impostos e exportações, favorecer cadeias locais de valor e inserir o Brasil em cadeias globais de produção”, avalia Maria Netto.

O evento vai debater e delinear caminhos para a materialização e aceleração de investimentos em atividades produtivas e empresariais de baixo carbono em Pernambuco. Essas atividades devem estar alinhadas com a agenda de transição energética justa e de recomposição do tecido industrial nacional, objetivando uma maior competitividade do país nas cadeias de valor nacional e global.

Contexto
A concentração geográfica da manufatura na Ásia – processo conhecido como Offshoring -, solidificada décadas atrás, provocou o crescimento da exposição das cadeias de produção a riscos de desabastecimento, por diversos motivos, como sanitários (pandemia de COVID-19), climáticos e geopolíticos. Em um movimento inverso, para reduzir a dependência de bens produzidos em países com vocação manufatureira, governos ocidentais passaram a promover estratégias como o Reshoring e o Nearshoring, que visam trazer de volta plantas industriais estacionadas no continente asiático.

No entanto, especialistas apontam que atualmente são necessárias estratégias adaptadas às novas circunstâncias e condições das empresas, o que inclui segurança, custo da energia, aumento da intensidade e da frequência dos eventos climáticos extremos, o endurecimento do compliance ambiental e as crescentes preocupações com temas geopolíticos.

Em décadas passadas, os custos laborais eram fator crítico para determinar a geografia das plantas industriais. Atualmente, a energia limpa e renovável ganha protagonismo na agenda de competitividade das empresas. O compliance ambiental, a segurança e os custos energéticos e a mudança do perfil do consumo vêm influenciando investimentos e a localização da produção. A energia verde, segura, barata e abundante está cada vez mais no centro das decisões.

O Powershoring é exatamente um conceito de estratégia de localização de plantas industriais que combina elementos de resiliência com a agenda revisada de eficiência. O Powershoring é especialmente relevante para setores da manufatura em que a descarbonização enfrenta mais desafios, chamados de setores hard-to-abate (HTA). Estão principalmente localizados no segmento da indústria pesada (como fabricação de cimento, aço e produtos químicos) e no de transporte pesado (rodoviário, marítimo e aviação). Os setores HTA contribuem com aproximadamente 30% das emissões globais e essa porcentagem pode duplicar se não houver mudança do cenário.

O Brasil é especialmente atrativo para o Powershoring: já tem uma matriz energética majoritariamente limpa – é o país do G20 com a energia mais verde – e pode expandir ainda mais a produção de energia limpa a preços competitivos.

A força do Nordeste para o Powershoring
O Nordeste, por diferentes razões, tende a exercer maior protagonismo para a estratégia do Powershoring no Brasil. Os estados da região apresentam grande potencial para a produção combinada de energias limpas e renováveis, tais como as energias solar e eólica (offshore e onshore). Adicionalmente, o fato de os picos de produtividade da energia eólica local ocorrerem à noite – ao contrário dos picos de produtividade da energia solar, que, obviamente, ocorrem durante o dia – proporciona uma solução natural única para o problema da intermitência.

Programação e serviço:
Powershoring: Transição energética e neoindustrialização de Pernambuco

Data: Terça-feira – 23 de abril de 2024
Horário: das 8h30 às 12h
Endereço: Cinema do Porto – Cais do Apolo 222 – 16º andar – Recife
Para se inscrever, acesse: https://forms.gle/ota7B9Ho9a7ZKMZRA

> Credenciamento – das 8h30 às 9h

> Abertura – das 9h às 9h20

Representante do Governo de Pernambuco
Jorge Abarche – Vice-presidente da CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe
Maria Netto – Diretora executiva do iCS – Instituto Clima e Sociedade
Diogo Bardal – Operations Officer do IFC – International Finance Corporation, Banco Mundial

> Palestra de Abertura – das 9h30 às 9h55
Powershoring e as oportunidades para o comércio local
Jorge Abarche – Vice-presidente da CAF

> Painel 1 – das 10h00 às 10h45
Potencialidades do Estado

Moderador:
Maurício Laranjeira, secretário executivo de Atração de Investimentos do Estado

Participantes:

Guilherme Cavalcanti – secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo de Pernambuco (SDEC)
Ana Luiza Ferreira – secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha do Governo de Pernambuco (SEMAS)
Carlos Cavalcanti, diretor de Sustentabilidade do Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros (Suape)

> Painel 2 – das 10h45 às 11h30
Políticas Públicas para o Powershoring: Desafios e avanços na perspectiva da neoindustrialização

Moderador:
Rosana Santos, diretora executiva do Instituto E+ Transição Energética
Participantes:

Frederico Bezerra, coordenador de cooperação e articulação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene)
Phillip Mendonça, gerente de Inovação e Transição Energética da Federação da Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe)
Pedro Lima, subsecretário de Programas no Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste)
Rafaela Camaraense, secretária de Meio Ambiente da Paraíba | Consórcio Brasil Verde

> Painel 3 – das 11h30 às 12h15
Construindo um Futuro Sustentável – O papel das instituições financeiras de desenvolvimento na promoção da estratégia de Powershoring

Moderador:
Marcelo dos Santos, executivo sênior do setor privado do CAF

Participantes:

Diogo Bardal, operations officer do International Finance Corporation (IFC)
Cláudia Noel, da área de Transição Energética do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES)
Emiliano Estevão Portela, superintendente de Negócios com Empresas e Governos do Banco do Nordeste (BNB)

Encerramento – 12h15

Guilherme Cavalcanti, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco
Luis Esteves, executivo sênior do Setor Privado no Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF)
Roberto Kishinami, gerente de Energia e Indústria do Instituto Clima e Sociedade (iCS)
Diogo Bardal, operations officer do International Finance Corporation (IFC)

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