A influência dos interesses imperialistas na América Latina ganha espaço se apropriando da bandeira “liberdade”, um usufruto vocabular que conquista apoio e leva a resultados eleitorais favoráveis à direita ou em margens apertadas de vitória para esquerda e centro.
A eleição venezuelana reacendeu a ideia de crítica como um risco, e não como parte do processo político, porque um sentimento de emergência no combate ao imperialismo nos arrasta ou tenta nos levar, estreitando margens para a ação entre o bem e o mal.
Assim também ocorre no Brasil pelo pavor do bolsonarismo.
Todos estes casos pedem compreensão e debate, análise e estudo, afinal, com eternas emergências nos pressionando, como pensaremos o país, o continente, o globo?
O fato de Mujica (ex-presidente do Uruguai) ter dito no início do ano que Maduro (presidente reeleito da Venezuela) já poderia ser chamado de ditador, não significa que este manifestasse apoio aos candidatos entreguistas escolhidos pelos EUA, pois a crítica aos comportamentos de Maduro não são infundadas, e nos processos democráticos, cumprem valioso papel.
Cabe ao cidadão global buscar conhecer a guerra de forças que se abate sobre a América Latina e Caribe, e a partir de então, encontrar razões para apoiar nomes e propostas. O cenário global vai inviabilizando candidaturas puras, e tornando cada vez mais complexo manifestar cidadania através do voto, pura e simplesmente.
A crítica ao presidente Lula também não significa apoio ao centrão, ao extremismo de direita, ou mesmo a recusa de apoio ao próprio Lula, mas a manifestação cidadã que deve ser garantida no cenário democrático. A América Latina sofre um cerceamento político grandioso, pois as suas riquezas interessam aos que se manifestam como “donos do mundo” e o jogo de poder está cada vez agressivo, e busca destruir os processos democráticos desacreditando seus princípios e instigando golpes institucionais.
Opinião não é coisa para ser banalizada e distribuída na esquina das redes sociais.
Conhecer sobre política e geopolítica se tornou tão necessário quanto comer e beber, pois o futuro de cada nação depende dessa condução, e parece que o galho da perversidade consegue agregar mais frutos, pois não hesita em lançar mão de violências e privilégios infinitos, na apropriação do poder.
Como chegar a cada eleitor latino-americano e falar sobre o bastidor global que trama contra as nossas liberdades, direitos e até mesmo, vidas?
Como explicar que mesmo sendo Maduro um político controverso, para a América Latina sua vitória significa um ganho maior?
Precisamos sair do medo de criticar, e aprender a respeitar o direito à crítica na possibilidade dialógica.
Estamos ficando sem povo nas representações de poder, e nossa América observada por dentro, espreitada por golpes que todos sabem de onde podem vir.
O envolvimento das populações nestas linhas históricas podem trazer mais força à causa das nações, do que o manejo da não-crítica, que sempre parece uma trama pegajosa de quem esconde erros. Os erros da direita e seus extremismos se tornaram “normais” e são exibidos em praça pública como gritos por mudança, mesmo que seja mudar para muito pior.
Eis o que produz o analfabetismo político. Esse é o manejo mais eficaz do imperialismo.