Envolvimento emocional com pacientes terminais pode ser enriquecedor

Agência Brasil

Cientistas afirmaram esta segunda-feira (24/9) ter encontrado uma nova evidência que explicaria porque as mulheres vivem mais do que os homens, com base em um estudo feito com base em dados históricos que demonstram que indivíduos coreanos castrados viviam muito mais do que seus contemporâneos não castrados.

O estudo, publicado na revista “Current Biology”, se baseou em registros genealógicos da aristocracia imperial durante a dinastia coreana Joseon, que durou mais de 500 anos, do final dos anos 1300 até o começo dos 1900.

Segundo os dados, a maioria dos homens, incluindo reis e membros da família real, morreu com 40 e muitos ou 50 e poucos anos. Mas os eunucos da nobreza – homens que foram castrados por acidente ou por causa de benefícios sociais – viviam, em média, 70 anos.

O autor do estudo, Kyung-Jin Min, da Universidade Inha da Coreia do Sul, explicou que a razão para esta diferença seria a testosterona. “A testosterona é conhecida por aumentar a incidência de doença cardíaca coronariana e por reduzir a função imunológica nos homens”, afirmou.

A castração “remove a fonte de hormônios sexuais masculinos”, destacou o estudo, acrescentando que a prática já demonstrou ajudar indivíduos do sexo masculino a viver mais. A castração também acaba com a possibilidade de reprodução, que Kyung-Jin também disse ser um fator de redução do tempo de vida.
O cotidiano de quem lida com pacientes terminais mostra que um certo envolvimento emocional dos profissionais é fundamental para um fim de vida tranquilo. E não é só para o paciente que esse envolvimento faz bem.

Anelise Pulschen, médica coordenadora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de Apoio do Distrito Federal, conta que na sua unidade de trabalho há envolvimento com todos os pacientes. “Cada profissional do seu jeitinho. Podemos chorar com eles, rir com eles, comemorar, vibrar, ficar junto com a família. A gente fica muito junto da família, às vezes até mais do que com o próprio paciente”.

Ela recorda que certa vez houve uma “força-tarefa” dos profissionais da unidade para encontrar a família de uma paciente branca, de pouco mais de 30 anos, que havia uns anos tinha fugido de casa porque sua família não aceitou seu relacionamento com um rapaz negro. “Ele a colocou em cima de um cavalo e os dois fugiram juntos. Tempos depois, já com dois filhos, ela estava internada aqui, muito debilitada por um câncer que começou na mama, atingiu os ossos, sem conseguir andar, e triste por não mais ter visto sua família e não ter tido um casamento com tudo que a noiva tem direito”.

Anelise relembra: “Toda a equipe se envolveu muito com a organização do casamento dessa paciente, que teve direito a vestido de noiva, capela, padre, juíza, damas de honra e toda a família da noiva unida”. Como os profissionais já suspeitavam, pouco mais de uma semana depois do casamento, a paciente morreu.
Histórias como essa, de casamentos, aniversários, passeios, perdões e redenções são vividas diariamente pelos profissionais de cuidados paliativos, que têm a missão de trazer alento para os últimos dias dos seus pacientes. O enfermeiro Renato Rodrigues, da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de Apoio do Distrito Federal, conta que esse envolvimento não significa um peso levado para casa.

”Existem aqueles pacientes que nos cativam. A gente leva ‘pra’ casa, mas não como um peso ou uma preocupação dolorosa. Você leva pra casa como a lembrança de uma pessoa que você quer bem e naquele momento está passando por dificuldades. Muitas vezes eu tenho insights em casa, às vezes à noite lembro do fulano e tenho alguma solução pra resolver determinada situação que, antes, eu não soube resolver”, conta Renato.

De fato é o que se pode ver na Unidade de Cuidados Paliativos do Distrito Federal. Na entrada do corredor que dá acesso aos quartos está exposto um mural com fotos de pacientes que tiveram seus últimos dias em paz e felizes. Lá não existem dietas ou restrições quanto a visitas, e as vontades dos pacientes são ouvidas e, sempre que possível, atendidas.

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