Segundo dados do IBGE coletados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) em 2015, a maior parte da população brasileira vive me áreas urbanas (84,72%). No Nordeste 73% da população é urbana.
Em Alagoas, de acordo com a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (SEPLAG, 2010), Maceió é o município mais populoso, onde a maioria das pessoas vivem no contexto urbano.
O resultado desses dados é o aumento dos problemas nas cidades e que todos somos chamados, ano após ano, a discutir.
A questão da mobilidade urbana mais uma vez é colocada em evidência, sendo o foco de tensão entre classe trabalhadora, Estado e empresas no município de Maceió.
Os interesses estão longe de ser convergentes, visto que o transporte público é um serviço utilizado por grande parte dos habitantes e contrasta com o dia a dia de uma minoria de empresários e de membros efetivos da gestão municipal, onde a principal diferença é que esses últimos não utilizam o transporte público e, aparentemente, R$ 4,10 é pouco para o quanto recebem por mês.
E não para por aí, a mobilidade urbana, assegurada como direito de ir e vir dos cidadãos, é tratada aqui como mercadoria. Entra em cena a mercantilização do deslocamento, o que nada contribui para a melhoria do serviço e muito menos para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
As empresas de serviços de transporte coletivo em Maceió oferecem um serviço precário, com frota incipiente e condições degradantes para quem necessita de deslocamento durante o dia a dia.
Não é difícil encontrar ônibus tão lotados que falta o ar só de observar.
Para as pessoas, a normalidade dessa realidade se soma a opressão diária que reúne tanto a falta de planejamento urbano como estratégico da gestão municipal.
Quanto mais periférico é o bairro, mais difícil são os percalços dos indivíduos que convivem com pouca urbanização, saneamento e estradas de barro que legitimam apenas a poeira e a lama para moradores periféricos.
Aos ricos, as luzes de Natal, aos pobres o aumento da passagem e a escuridão da precariedade o ano todo.
Não é de se esperar que a prefeitura simplesmente pense nos mais pobres, pois o fato é que ela tem se mostrado tão ausente da vida das pessoas que desconhecem até quem é o prefeito. Exceto quando a foto do tal político aparece nos prédios públicos.
A campanha de Rui migrou de “o cara é bom” para “quem é o cara?”
Não obstante, a organização política do povo não falta. Reações aqui e acolá pressionam o poder executivo, mesmo que distante do povo, a se posicionar.
As justificativas para o aumento da passagem são plausíveis o suficiente para afetar a vida de uma enorme quantidade de pessoas?
Entre a cruz e a espada está a classe trabalhadora de Maceió.
Entre o povo e as empresas, o prefeito.
Cadê o cara?