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Entre mães e lutas, homenagem a “Porota” (Mercedes Colás)

Que todas as mães desta América pudessem saber sobre a luta das Mães da Praça de Maio, para também alimentarem a alma com a força que o amor conduz, mesmo entre a dor e a morte, fazendo tranças com o choro e o riso!

Outra Mercedes argentina que merece louvor fez sua partida rumo às moradas espirituais, a ser recebida por certo, por um coro de amorosos seres a ela ligados pela prova árdua de buscar na Terra o que o poder terreno brutal lhe havia tomado: a filha Alicia!

Argentina e suas Mercedes, dores e sonhos conjugados com toda América Latina!

A guerrilha sagrada da não desistência, e a ausência de poesia que as ditaduras realçam.

Mercedes Colás de Meroño, designada “Porota” teve sua história de vida marcada por perseguições ditatoriais por conta da militância política, desde as atividades do pai na Espanha. José Maria Colás foi anarquista, e morreu fuzilado pelos fascistas.

Em terras Argentinas nasceu sua filha única de nome Alicia. Que se tornou militante de esquerda e foi vítima da ditadura, sendo sequestrada, como aconteceu a milhares.

Juntando-se a outras mães que lutavam por seus filhos e filhas desaparecidos, Porota deixou a marca do seguinte diálogo: “A ti quem te falta?  Recebendo como resposta: A minha filha. Ao que retrucou: “Aqui não se vem para chorar, vem-se para lutar, por isso levanta-te e vamos”.

Neste canto desolado do Brasil, onde o choro das mães foram tornados banalidades da notícia policialesca, o exemplo das Mães da Praça de Maio toca meu coração de mulher, mãe, ser humano ferido de morte pelo assassinato de um filho.

Eu que conheci a dor aumentada pelo silenciamento institucionalizado na campanha do medo, bebo na fonte de infinita coragem destas outras mulheres, que chorando ou não, seguiram levando a bandeira da denúncia, expondo a própria alma e os intestinos de um sistema brutal, que matando fortaleceu os interesses dos dominadores.

Com Mercedes Sosa musicalizando a poesia e Mercedes Colás lutando de pé até os 95 anos, tenho convicção da irmandade desta Pátria Grande que nos convoca a defender a vida!

Esta América é uma grande praça ensanguentada e nós, as mães, somos as vozes que os grilhões não conseguem prender!

Viva a América Latina! Viva as Mães da Praça de Maio e viva a todas nós, que não desistimos de amar e por nossos filhos levados mais amor ainda plantamos neste chão!

“Porota” presente!

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