Sou parte de inúmeros movimentos nessa vida preciosa que nos torna possíveis uns para os outros na frente de tantas impossibilidades criadas por alguns.
Nesta ciranda de vivências encontrei Merandolina Pereira de Melo, a quem saúdo como escritora alagoana, no sorriso ameno de uma mulher que abre seus próprios caminhos com a escrita na percepção do tempo que lhe é próprio.
Tempo
O relógio guardado
Marca o tempo passado.
Está parado.
Os ponteiros sem ação.
O tempo entrou
Na contramão.
No meu tempo interno
Sinto a dor fria.
Estou no inverno.
Recolho-me diante
Da dimensão do tempo.
Vivo o presente.
Chronos e Kairós
Caminham pela vida
Sem proporção.
Tempo…Tempo…Tempo
Tempo de amadurecimento.
Senhor implacável!
Não retroage,
Nem adianta.
O tempo é.
O poema diz sobre a poeta, que foi reconhecida e posta no trabalho literário “Contando os Literatos e Notáveis da Terra dos Marechais Ontem e Hoje”, ao qual tive acesso em forma de e-book. O trabalho de Manoel Santos da Silva, que é doutor em Educação pela UFAL, e graduado em Letras pela UNEAL, faz referência a Merandolina, mulher de letras nascida em Viçosa dizendo que “não esconde segredos nem as dificuldades que a fizeram vencer na vida, como pessoa e como escritora”.
Nestas breves linhas reiteramos o reconhecimento ao trabalho literário da viçosense no respeito ao seu jeito bonito de caminhar nesta terra carente de cuidados poéticos.
Caminhada
Percorro as mesmas trilhas
Dos que por elas passaram.
Canto as dores e alegrias,
Meu propósito vou buscar.
Ouço o sussurro do vento,
Aprendendo a escutar.
Pés firmes, coração leve,
Sentindo o cheiro da terra,
Ouvidos atentos às lições
Quer ficaram na estrada.
Calo as palavras, aquieto a voz,
Crio a minha caminhada.
Aprendendo a ser livre,
Querendo, às vezes, voar.
Sinto o chão no que é do chão
Sinto no ar o que nele está.
Desígnios vão me levando,
Na paz do meu caminhar.
E caminha Merandolina, como estas estrofes trazidas do seu livro “Entre dois Tempos”, onde pesco poesia para afirmar sua beleza enquanto mulher que escreve!