As enchentes de junho completaram ontem cinco anos. As imagens das dezenove cidades alagoanas destruídas pelas cheias rodaram o mundo. Chocaram a imprensa nacional e internacional.
E logo depois foi mostrado como no meio do caminho da aplicação de quase um bilhão de reais do programa da reconstrução tinha uma pedra. Neste caso, uma montanha: a corrupção.
Primeiro, bombeiros foram mostrados desviando doações de milhares de pessoas para fins menos solidários.
Depois, vieram os prefeitos e vereadores se beneficiando com as casas construídas pelo programa.
Casas que viraram moeda eleitoral.
Quem votava em Fulano ou Sicrano, ganhava uma habitação.
A corrupção é perversa. Pior é a impunidade e os benefícios que ela arrasta.
O Ministério Público entra com ações, o Judiciário faz andar ou não bem lentamente.
E quando o processo chega a Brasília, o inferno vira paraíso.
A ajuda de outros Fulanos ou Sicranos inicia a Operação Cuscuz. Tudo é abafado.
Ou engavetado.
Da enchente do rio Mundaú- na zona da mata alagoana- sobraram as histórias mas também o descaso.
A área invadida pelo rio volta a ser ocupada.
É como se alguns prefeitos torcessem por nova tragédia para o socorro federal chegar com sacos de dinheiro.
E chega.
Daí virá o nosso choque o mesmo que nos acompanha ao vermos, nestes cinco anos, vereadores e prefeitos serem algemados para- em seguida- ao estarem soltos voltarem para as suas cidades em clima festa e bem bom.