Em reunião da Sudene, Eduardo Campos critica cortes federais no Nordeste

Sem tratar do tema eleição nem mencionar a presidente Dilma Rousseff, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), fez críticas às ações do Governo Federal no Nordeste, com o corte financeiros nos Fundo de Participação dos Estados (FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, presidiu nesta sexta-feira (23), na capital alagoana, a 18ª Reunião Ordinária do Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) com os estados da região com ações na superintendência.

O governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), não apareceu e mandou representante. Cid Gomes (PSB), do Ceará, saiu do encontro sem avisar a ninguém e “esqueceu” três assessores no evento. Já Eduardo Campos ficou pela manhã e saiu no início da tarde para cumprir agenda política em Pernambuco. E adiantou que só vai tratar de eleições no próximo ano:

– Os estados do Nordeste têm sofrido bastante, tiveram frustração de receita, uma parte desta frustração foram das desonerações para animar a economia, em outros momentos quando e fazia esta desoneração, os estados perdiam pela desoneração mas ganhavam porque o crescimento chegava logo e repunha o que tinha perdido. Desta vez houve a desoneração e a economia não animou. Outra queda é da atividade econômica que atinge diretamente o principal imposto que os estados cobram que é o ICMS. Quando circula menos mercadoria, há menos crescimento econômico. Menos crescimento da massa arrecadada pelos estados. Do outro lado, as despesas vão sempre crescendo, o custeio da máquina, a estiagem, os aumentos de categorias. Alguns destes aumentos nem são governados pelos estados são ditados por leis federais. E tudo isso tem jogado os estados em situação bastante complexa, analisou.

Citando Lula e Fernando Henrique Cardoso, Campos pediu uma agenda econômica para o país, superando a pauta eleitoral:

– O descasamento do Brasil real e do Brasil oficial é que é o desafio. O desafio é você aproximar estes dois universos, encarar os problemas que temos na economia, superar estes problemas. Em 1998, quando foi reeleito o presidente Fernando Henrique ele tinha um quadro econômico no Brasil muito mais grave que nós temos hoje. Quando o presidente Lula chegou ao Governo em 2003, o dólar estava em quatro, o risco Brasil na casa do milhar a situação era muito mais delicada que hoje. Hoje temos problemas? Temos, mas podemos resolvê-los, se cuidarmos de enfrentarmos estes problemas, se mantivermos um compromisso. Todas as forças políticas do Brasil, responsáveis, e que ninguém vai fazer jogo demagógico, ninguém vai fazer nada que possa colocar os fundamentos macroeconômicos em risco, que é o que a gente precisa preservar, que nós construímos ao longo destes trinta anos. Democracia, estabilidade econômica, um olhar para as desigualdades brasileiras. Isso foram conquistas que custaram muito à sociedade brasileira. Não podemos colocar tudo isso em risco em nome de projeto de qualquer força política ou qualquer pessoa. A gente precisa
preservar isso para que o debate em 14 ocorra com profundidade sobre a agenda do século XXI e que possamos dar conta dos tamanhos do desafios brasileiros, avaliou.

Eduardo Campos evitou falar de uma possível aliança com o senador Aécio Neves (PSDB/MG). Também não falou das declarações do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, sobre apoio ao governador de Pernambuco na disputa presidencial.

O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB)- três vezes presidente nacional do ninho tucano- foi quem descartou uma aliança entre Aécio e Campos na disputa presidencial:

– Não daria para juntar os dois agora, só no segundo turno. São dois candidatos com chances de ganhar, mostraram seus estilos de governar. Quanto ao resultado de tudo isso, só depois que as urnas forem abertas, explicou Vilela.

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que é do PSB, defende que os socialistas devem continuar ligados ao PT nacional:

– Se depender de mim, a manutenção da aliança. Se depender de outros setores, o desejo de candidatura própria. Mas, o presidente do partido tem reiterado que só trata de 14 em 14, afirmou.

.