Em Monteirópolis, professores fantasmas ganham salário e não aparecem para trabalhar

Patrícia Bastos/Gazeta de Alagoas

O triste ditado popular, “O professor finge que ensina e o aluno finge que aprende”, é a justificativa dada pela diretora da maior escola de Ensino Fundamental do município de Monteirópolis, Maria Izabel Santos Melo, para o fracasso no Índice Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A Escola Professora Ivone Mendes Silva obteve uma das piores notas de Alagoas – que ficou em último lugar no ranking da Educação no Brasil – na avaliação promovida pelo Ministério da Educação (MEC) referente a 2011.

A unidade escolar, que atende 1.100 alunos em três turnos, recebeu nota 1,8 para as séries iniciais do Ensino Fundamental (do 1º ao 5º ano), e 1,6 para as séries finais (do 6º ao 9º). As médias, que ficaram mais de 30% abaixo da meta esperada para o período, refletem a situação do ensino não só no município de Cacimbinhas, como na maioria das cidades do Interior.

Desde que a primeira Prova Brasil – avaliação que serve de base para o Ideb – foi aplicada em Monteirópolis, as médias obtidas pelo município vinham oscilando, mas na prova feita no ano passado, foi registrada queda tanto nas séries iniciais quanto finais.

Segundo a professora Maria Rosimeire da Silva Braga, que ensina na escola Ivone Mendes e também é diretora do núcleo regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) aponta outros motivos para o retrocesso na Educação do município. A sindicalista afirma que a “falta de compromisso” da prefeitura é a principal causa das médias baixas do Ideb.

“Aqui em Monteirópolis, falta vontade política para melhorar a educação. Os profissionais  que estão na sala de aula estão desmotivados, os salários são pagos sempre com atraso e tem muito professor concursado que nunca colocou o pé dentro de uma sala de aula, enquanto o município continua contratando monitores para suprir as carências. Não existe como ter uma Educação dequalidade numa situação dessas”, afirmou Rosimeire Braga.

Ela afirma que atualmente 42 professores concursados estão em casa, mas continuam recebendo salários. “Tem alguns que estão parados por motivo de doença, mas outros estão em casa porque são apadrinhados da gestão municipal. Além de serem funcionários fantasmas, ainda recebem gratificações altíssimas, que os professores que estão na sala de aula não estão recebendo. Enquanto isso, o município contrata professores que muitas vezes não estão preparados para dar aulas”, explicou.

Cacimbinhas tem alunos que não sabem ler

Outro município que aparece entre os piores no Ensino Fundamental na rede pública mantém uma modalidade de ensino criticada por especialistas em Educação. As turmas multisseriadas, onde alunos de diferentes séries dividem a mesma classe e o mesmo professor, são realidades em todas as escolas da zona rural de Cacimbinhas. Assim como em Monteirópolis, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município caiu em relação a 2009.

De acordo com o professor Manoel Barros de Souza, que ensina uma classe multisseriada de 1º ao 5º ano no Sítio Minadorzinho, a junção de séries diferentes numa mesma turma foi a solução encontrada para manter escolas abertas nas comunidades. “Os pais não querem mandar filhos tão pequenos para escolas em outras comunidades, e a quantidade de crianças é pequena demais para formar turmas e a solução encontrada para a prefeitura foi essa. Só que o aproveitamento fica muito baixo”, ressaltou.

Passar de ano e continuar analfabeto é uma realidade nas escolas de Cacimbinhas que professores e diretores não escondem. No Colégio Municipal Liceu Cacibinhense, que possui aproximadamente mil alunosdo 6º ao 9º, de acordo com a coordenadora de ensino Ana Patrícia, alguns alunos chegam à escola ainda com dificuldades na leitura.

“Nossos alunos vieram da zona rural ou de outras escolas da zona urbana. Acontecem alguns casos de alunos que chegam para estudar o 6º ano e ainda não sabem ler direito. Apesar de os professores da nossa escola serem preparados e comprometidos, é complicado lidar com um aluno com dificuldade de leitura numa série avançada”, afirmou Ana Patrícia.

A coordenadora disse ter ficado triste ao saber que Alagoas foi destaque na imprensa nacional por ter a pior Educação do País, mas afirma que aresponsabilidade pela Educação é dividida com os pais. “Muitas famílias não estão nem um pouco preocupadas com a situação do seu filho na escola, só mandam o filho para cá porque sem frequência eles não recebem o Bolsa Família”, ressaltou.

2 respostas

  1. O DESCASO PELA EDUCAÇÃO É LAMENTÁVEL, O EXEMPLO DE PROFESSORES QUE RECEBEM O SALÁRIO SEM CUMPRIR SUAS OBRIGAÇÕES É MUITO MAIS VERGONHOSO DO QUE “MUITAS FAMÍLIAS NÃO ESTÃO NEM UM POUCO PREOCUPADAS COM A SITUAÇÃO DO SEU FILHO NA ESCOLA, SÓ MANDAM O FILHO PARA CÁ PORQUE SEM FREQUÊNCIA ELES NÃO RECEBEM O BOLSA FAMILIAR” ESTES CONVIVEM COM A MISÉRIA, OS OUTROS COM A BENEVOLÊNCIA DA MÁQUINA ADMINISTRATIVA QUE ZELA PELA IGNORÂNCIA, POIS É ELA QUE EM TROCA DE UM APERTO DE MÃO E UM BOCADO DE COMIDA ELEGEM SEUS REPRESENTANTES. É HORA DE REVER BOLSA ESCOLA, BOLSA FAMÍLIA: ALUNO APRENDEU RECEBE NÃO EVOLUIU, CORTA-SE O BENEFÍCIO, POIS O OBJETIVO DE TAL AJUDA É JUSTAMENTE PARA ACABAR COM O ANALFABETISMO. AOS ILUSTRE “EDUCADORES” SEUS NOMES ESTAMPADOS NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO; GANHO PARA ACABAR COM O FUTURO DO PAÍS, GANHO PARA NÃO ENSINAR.

  2. falar o que dessas atitudes sao todos uns eviados de satanás e ainda ficam na igreja pagamdo de santo bando de ladroes que quimem no fogo do inferno ,aqui nao ten justiça mas a de DEUS senpre prevaleçe devovan o dinheiro e contrate professores de verdade pois un dia a casa cai e vai ser essa semana

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