BLOG

Em meio à violência, plantemos flores…

A famosa frase de Ernesto Che Guevara, dizendo que “temos que endurecer, mas perder a ternura, jamais”, ronda os passos de quem resolve, em uma sociedade desumana, permanecer humanizado, espiritualizado, politizado!

As aparentes perdas são tão dolorosamente impostas, no intuito de desqualificar a crença, a luta em defesa da vida acima de qualquer pressuposto, que não bastará ser sensível, é necessário ser político, para continuar.

Antes de conhecer o fogo ardente da tortura moral, psicológica e emocional que gera fissuras em minha história, já havia feito a escolha. Estaria negando a passagem pela porta larga da descaracterização moral e social. Sabia que minha alma não estava à venda, assim como meu intelecto jamais serviria aos interesses espúrios do capital.

Quando conheci a dor de ver um filho vítima da violência praticada por agentes de segurança pública, em Alagoas, em agosto de 2007, tive certeza de que é necessário continuar a lutar pelos Direitos Humanos, nesta terra de ninguém.

Terra vilipendiada pelas leis dos homens, pelos vícios das relações corporativas e omissões qualificadas nos alpendres dos poderes.hegemonia, infância

Terra que inflama o medo. Gente capaz de matar crianças e jovens indiscriminadamente para sustentar o esqueleto do mal que impera, quase absoluto.

Contudo, a hegemonia do silêncio imposto é rasgada pelos gritos e choros das famílias alagoanas.

Poderíamos ter gritado contra a injustiça e todas as formas de opressão…mas não fomos capazes de barrar o avanço histórico da violência institucionalizada, que hoje defasa nossos lares. Nos restou o lamento.

Que ao menos este seja alto, seja forte, para que o mundo ouça. Para que nossos irmãos planetários conheçam o descaso que mata nossa infância e juventude para manter uma lógica iníqua de dominação que nossos gestores públicos acatam.

As portas impuras do sistema continuam abertas, na tentativa contumaz de atrair adeptos, defensores, aproveitadores de seus esquemas de morte.

Não à corrupção que deforma a alma. Sim ao estudo que gera independência de pensamento.

Não ao medo que nos isola em ilhas de sofrimento. Sim à união de interesses pró-vida, para garantir os sonhos das nossas crianças e jovens.

Se a vida é mesmo breve, se o corpo é efêmero, que seja a alma uma fortaleza de exemplos bons, para semear de novo a proposta da libertação e a proliferação da vida em abundância.

Alma não pode ser baleada. Que as nossas assumam essa capacidade imortal de confrontar a subjugação material, na certeza de que estaremos plantando flores para o amanhã contemplar.

SOBRE O AUTOR

..