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Em greve, IML de Alagoas suspende necropsia e só atende flagrante e estupro

A cinco dias do anúncio do Plano Nacional de Segurança, pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo em Alagoas- o Estado mais violento do Brasil- os dois institutos médicos legais decretaram greve, por tempo indeterminado. Apenas os casos de flagrante delito e estupro estão sendo atendidos. As necropsias foram suspensas. Alagoas tem 30 médicos legistas.
“Faltam condições sanitárias e de segurança. A principal reivindicação é estrutural, já que os profissionais precisam de um novo local para a realização desses procedimentos. Ninguém aceita voltar para o IML nestas condições. Não há como trabalhar ali. Não há equipamento”, disse o presidente do Sindicato dos Médicos, Welington Galvão.
Os legistas querem salários maiores. Eles recebem R$ 2,6 mil. Pedem R$ 9,6 mil. O Governo de Alagoas ainda não se pronunciou sobre o assunto. O Instituto de Criminalística (IC) também ameaça parar. Nesta sexta-feira (22) os peritos decidem se entram em greve.
O IML Estácio de Lima, no bairro do Prado, em Maceió, está em condições piores. Os corpos ficam no quintal do instituto, abertos, para diminuir o mau cheiro. As geladeiras que guardam os corpos- para evitar putrefação- funcionam de forma precária- com os cadáveres jogados uns sobre os outros. Mais de 400 exames de DNA foram jogados fora há duas semanas, por não haver geladeira para guardar as amostras.
As faltas d’água são constantes, os atrasos na liberação dos corpos também. E a água usada para lavar os corpos é despejada no meio da rua, sem tratamento. Conchas de feijão e facas peixeiras são usadas na necropsia, por falta de equipamentos. O controle dos corpos é feito em um livro de ponto.
A preocupação entre os trabalhadores do instituto é com o final de semana- quando a quantidade de homicídios em Alagoas aumenta e os trabalhos no IML dobram. São, em média, 15 assassinatos. Na semana passada foram 22- a maioria por arma de fogo.
Há um projeto para a construção de um novo IML- custando R$ 4,5 milhões- mas não tem data para sair do papel. O novo prédio precisa do alvará para ser construído.
Por causa das condições, o diretor do instituto, Gerson Odilon, pediu demissão da função. Sem ter quem substituisse, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) nomeou o médico Luiz Mansur, do Samu, para gerir o IML. A decisão está na edição desta quinta-feira, do Diário Oficial do Estado.
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