Um dos símbolos do combate à seca e também da indústria da seca, os caminhões pipa que vão e vem pelo sertão de Alagoas deixam de circular nos próximos cinco anos.
Essa é a expectativa do superintendente regional da Codevasf, Luciano Chagas.
Os caminhões pipa serão transformados em tecnologia: os trechos quatro e cinco do Canal do Sertão estarão concluídos; o consumo da água será monitorado; cisternas serão abastecidas com águas da chuva, suficiente para atravessar longos períodos de estiagem; programas sociais vão atender a todos os sertanejos vinculados aos cinquenta municípios atendidos pela estatal e na bacia do rio São Francisco.
Mas a extinção dos caminhões pipa depende também do Governo Renan Filho/ que define até o final do próximo ano qual o modelo será aplicado para gerir as águas do Canal.
Há três possibilidades, diz o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Alexandre Ayres: criar uma estatal, assinar uma parceria público-privada ou uma associação civil assumir a gerência- como acontece na cidade de Petrolina, em Pernambuco.
Até janeiro, toda a extensão dos primeiros três trechos do Canal será monitorada por macro e micro medidores.
Eles funcionam através de energia solar e ficam atrelados às bombas de captação.
Daí se informa quanto cada cidadão está usando de água.
Porém, mesmo a tecnologia mais avançada e uma suposta independência na gestão do Canal não vai esconder uma das raízes do sertão.
O coronelato- com ramificações nas prefeituras e Assembleia Legislativa.
Como líderes políticos vão lidar com agricultores familiares virando patrões do próprio negócio?
Ou transformando a água em riqueza?
Políticos precisam de políticos para se elegerem.
Mesmo que os acordos escondam as mais tenebrosas transações.
Nos próximos anos, a tecnologia vai medir forças com a mão do cabo eleitoral.
O futuro é imprevisível.