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Efeito Lula transforma Renan e Lira em ‘inimigos cordiais’ em Alagoas

A presença do ex-presidente Lula nas eleições do próximo ano mexe cada vez mais no cenário político alagoano. No quebra-cabeças atual existem três grupos: o do governador Renan Filho (MDB) e o senador Renan Calheiros (MDB); o do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (SDD) e; o senador Rodrigo Cunha (PSDB) e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB).

A questão é saber qual o grupo do senador Fernando Collor (PROS). Ora ele é citado como aliado de JHC. Ora como aliado de Arthur Lira. Collor, aliás, tem livre trânsito no Governo Jair Bolsonaro mas disse publicamente que Lula foi injustiçado pelo ex-juiz Sérgio Moro. Ou seja: pode mudar de lado se o barco governista der sinais de que vai afundar.
Fato é que Renan Calheiros e Arthur Lira conversam entre si sobre a posição da Assembleia Legislativa que elege, em 2022 o governador-tampão para substituir Renan Filho.

O mais cotado é Marcelo Victor, que tem repetido: aceita ir ao sacrifício desde que dispute a reeleição ao Governo.
Lula quer palanques, liderados ou não pelo PT, e com nomes fortíssimos em todos os estados para garantir a sua disputa presidencial. Se Renan Filho deixar o Governo e Marcelo Victor virar governador, o grupo de Arthur Lira chega ao comando do Estado. E Lira é aliado de Jair Bolsonaro. Como fica?

Inimigos cordiais
Fica como sempre foi. Arthur Lira, líder do Centrão, assim como Renan Calheiros, escorregam por todos os governos em Brasília. Lira chegou a interferir para evitar a escolha de Renan para a relatoria da CPI da Covid no Senado. Pouco adiantou. Presidente da Câmara, fez críticas à atuação do Senado nas investigações sobre a pandemia, um aceno ao Palácio do Planalto de demonstração de fidelidade ao presidente da República.

Na prática, porém, Lira e Renan Calheiros se comportam como inimigos cordiais: mantêm conversas bem produtivas e não fazem ataques públicos entre si.

Os resultados começam a surgir. Os deputados vão receber, cada um, R$ 2 milhões em emendas para a saúde. Já Marcelo Victor não vai abrir uma CPI para investigar os recursos públicos na pandemia no Governo Renan Filho. Sobram apenas as vozes isoladas de Davi Maia (DEM) e Cabo Bebeto (PTC).

Maia deve subsidiar o senador Rodrigo Cunha (PSDB) com informações estaduais para a CPI da Covid. Cunha procura saber como andam as investigações para a compra, sem a entrega, de respiradores feita pelos governadores do Nordeste via Consórcio Nordeste. Os olhos estão nos contratos assinados com a empresa Hempcare.

Nas investigações da Polícia Civil da Bahia, na Operação Ragnarok, descobriu-se um esquema com fraudes de R$ 48 milhões. Este dinheiro foi pago com antecipação para a compra de 300 ventiladores clínicos para a UTI. Alagoas está na lista dos enganados.

Em fase de reabilitação político-eleitoral, Rodrigo Cunha é cotado para disputar o Governo ano que vem, mas não quer subir no palanque de Fernando Collor, pedindo votos a ele para o Senado. JHC, por sua vez, prefere Cunha a Collor. E cozinha o ex-presidente da República, que, por enquanto, aceita estar em banho-maria.

O pior cenário para Collor é: Renan Filho deixando o Governo, disputando o Senado e Marcelo Victor assumindo o Governo, indo para a reeleição.

Collor sabe: o entendimento entre Renan Filho e Marcelo Victor já começou. Mas também sabe que não pode se indispor com todos grupos ao mesmo tempo. Seus aliados repetem: elle não teme ficar só no próximo ano.

Lessa
O prefeito também infla os bastidores ao dizer que aceita disputar o Governo para o vice, Ronaldo Lessa (PDT), assumir a Prefeitura. JHC busca atrair votos da esquerda com esta estratégia.

Essa proposta deve inviabilizar nomes à esquerda nas eleições, com candidaturas apenas para ajudar palanques nacionais, porém, com votos cheios divisões. Como o PSOL, que deve lançar Guilherme Boulos mas em Alagoas é uma legenda sem expressão; o PT, com chances quase nulas de um forte nome ao Governo, agregando-se aos Calheiros em busca da sobrevivência local e uma minoria apostando em Lessa para prefeito; Rede, com Heloísa Helena como provável candidata a deputada federal, aliando-se a Marina Silva, cada vez mais próxima de Ciro Gomes, do PDT, cujo maior nome em Alagoas é Ronaldo Lessa.

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