Educação inferior

RBS

Mesmo que tenha evoluído, entre 2008 e 2011, ainda é desconfortável a situação do ensino superior brasileiro, conforme recentes avaliações divulgadas pelo Ministério da Educação. Pelo chamado Índice Geral de Cursos, que analisou a qualidade de 2.136 universidades, faculdades e centros universitários, apenas 27 atingiram o conceito máximo, ou 1,3% do total. A maior preocupação está na base da pirâmide, onde mais de 500 instituições ficaram com notas abaixo do que o MEC considera o mínimo para que uma instituição possa funcionar. Isso quer dizer que pelo menos um quarto das escolas avaliadas não passou na prova. É um dado com poder de alarme.

O ministro Aloizio Mercadante entende que, apesar da performance geral ainda ter alto índice de insuficiência, é preciso reconhecer avanços. Baseia-se o ministro em indicadores de uma melhora quase imperceptível em relação a 2008. O que o MEC deve levar em conta é que, bem abaixo de uma elite de 15 universidades públicas, entre as quais a UFSC, e 12 privadas, há no sistema universitário brasileiro um contingente de instituições sem a menor condição de ensinar.

A educação universitária transformou-se num bom negócio. E este inchaço provocou um engano. Há muita gente frequentando faculdades que deveriam ser impedidas de funcionar. O MEC não pode, no entanto, resumir sua interferência a um alerta aos estudantes. É atribuição do Ministério adotar medidas concretas de restrição às faculdades com deficiências, em especial as reincidentes. O que não pode ocorrer é deixar aos vestibulandos a responsabilidade por decisões que, mais adiante, podem ser desastrosas. Estudantes que, com sacrifício, conseguem vagas em instituições privadas, não podem ser punidos pelo esforço representado por uma formação superior – considerando-se os aspectos financeiros da empreitada. Perdem os estudantes e o país, pelo desperdício de recursos, de tempo e de projetos pessoais.

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