Dois sequestros relâmpagos são registrados a cada dia de janeiro a setembro

Correio Braziliense

Apesar da integração entre as forças de segurança para combater a criminalidade, as autoridades ainda não conseguiram conter a onda de sequestros relâmpagos que assusta os brasilienses de todas as classes sociais. Depois da filha do ministro da Pesca, Marcelo Crivella, e de um diplomata italiano serem levados, em menos de dois meses, da 408 Sul por criminosos, agora foi a vez de o diretor-geral da Câmara dos Deputados, Rogério Ventura Teixeira, 50 anos, ficar sob o poder de assaltantes. Ele e outro servidor da Casa foram abordados na 512 Sul, na madrugada de ontem, por três homens e abandonados no Gama. Mensalmente, essa modalidade de crime cresceu 46% nos últimos anos. Em 2010, a média era de 42 casos. No ano passado, o número subiu para 56 e, nos primeiros nove meses de 2012, foram pelo menos 61 ocorrências contabilizadas a cada 30 dias.

De janeiro a setembro deste ano, a média é de dois registros de sequestros relâmpagos a cada dia. O caso mais recente teve início à 1h30 de ontem, na 512 Sul. Rogério Ventura e Ricardo Azevedo Capille, 42 anos, foram abordados por três homens, um deles com um revólver, quando saíam de um Kia Sportage LX. As vítimas tiveram de seguir com os assaltantes até a região da Ponte Alta, no Gama. Durante o percurso, sofreram agressões na boca e nas costelas. Após abandonar os servidores, meia hora depois, o trio fugiu com o veículo, cartões, relógios, celulares e cheques das vítimas — um deles nominal, no valor de R$ 40 mil.

ANÁLISE DA NOTíCIA » Brasília quer uma resposta

Marcelo Tokarski

O crime que mais assusta Brasília é, sem dúvida, o sequestro relâmpago. Todos os dias, dois habitantes da capital do país são feitos reféns por bandidos que querem dinheiro, celulares e veículos. Indefesas, as vítimas ficam sob a mira de revólveres e são abandonadas em locais ermos. Muitas acabam agredidas. Há casos de mulheres que são abusadas. Essa violenta modalidade de crime cresceu 22% de janeiro a setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Nos primeiros nove meses deste ano, pelo menos 554 pessoas foram feitas reféns. Viveram a angústia de não saber se conseguiriam voltar com vida para casa. A maioria voltou, mas agora vive refém do trauma. O medo também muda hábitos e comportamentos da parcela da população que ainda não se viu vítima dos criminosos.

É fato que a violência assola todas as grandes metrópoles brasileiras. Não seria diferente na capital do país, hoje a terceira maior área metropolitana do Brasil. No entanto, o Distrito Federal tem cerca de 15 mil policiais militares, proporcionalmente o maior efetivo entre todas as unidades da Federação, e a Polícia Civil mais bem paga e equipada. Duas características que, por si só, bastariam para que tivéssemos um combate efetivo aos sequestros relâmpagos. Mas, infelizmente, as estatísticas mostram que isso não vem ocorrendo. O que falta então? Com a palavra, as autoridades.

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