Discurso completo do governador em Santana do Ipanema

Agência Alagoas

Durante solenidade de instalação da sede do Governo de Alagoas no município de Santana do Ipanema, realizada nesta segunda-feira (25), na Câmara Municipal de Vereadores, o governador Teotonio Vilela falou sobre as ações que estão sendo realizadas pelo Estado para amenizar os efeitos causados pela estiagem prolongada.

Confira abaixo o discurso do governador na íntegra:
Bom dia a todos.
Eu conheço as consequências que uma seca, como essa que estamos vivendo, provoca na terra, nos animais e nas pessoas do nosso Sertão. Eu sei qual é a dor de cada homem e de cada mulher deste torrão durante uma estiagem tão prolongada. Eu sei, não porque sou governador, ou porque os lamentos chegam ao meu gabinete em Maceió. Eu conheço essa realidade porque estou presente no Sertão desde o meu primeiro mandato de Senador da República. Eu conheço os sertanejos de olhar olho no olho, de apertar as mãos calejadas de cada um deles, de ouvir os relatos sofridos de quem perde a lavoura, de quem perde os animais, de quem sobrevive amparado na esperança da chuva ou no socorro dos poderes públicos. Eu conheço o sertão e os efeitos de uma seca porque tenho sido um defensor, um lutador e um realizador de ações concretas para dar a essa região e ao seu povo soluções emergenciais e definitivas para mudarmos esse quadro de dor e sofrimento provocados pela longa estiagem.
Como governador, e com as prerrogativas que o cargo me confere, determinei a transferência da sede do governo estadual para esta região, para dizer ao povo sertanejo que ele conta com o governo ao seu lado, sempre, e especialmente neste momento. Por isso, é com muita honra e determinação que instalo hoje, aqui em Santana do Ipanema, a sede do Governo do Estado de Alagoas, transformando esta região, durante cinco dias, no fórum oficial de decisões políticas de governo. A longa e cruel estiagem que maltrata os sertanejos alagoanos nos traz aqui não apenas em solidariedade, mas em ações concretas para que aqui se intensifique toda a assistência possível e necessária, para amenizarmos os danos causados pela seca mais dolorosa dos últimos 50 anos no Nordeste brasileiro.
Não me canso de dizer que nasci entre um curral de boi e uma touceira de cana-de-açúcar, lá em Viçosa, na Zona da Mata da nossa Alagoas. Aprendi com o meu pai, o velho Teotônio, a valorizar o homem do campo e a valorizar a terra. Sou descendente de uma família de agricultores, o que muito me ajudou quando, em 1987, presidi no Congresso Nacional a CPI da Seca. Foram milhares de quilômetros percorridos pelo semiárido nordestino, foram centenas de reuniões com agricultores da região, foram semanas, meses, debruçado em um projeto que pudesse garantir ao sertanejo conviver com a estiagem.
Sem nenhuma arrogância, sinto-me orgulhoso em ter sido responsável por constar, na Constituição brasileira, pela primeira vez na história do Brasil, a palavra Sertão. Sem nenhuma arrogância, sinto-me orgulhoso de que nossas propostas aprovadas naquela época, hoje ajudam, socorrem, amenizam os problemas causados pela estiagem e fortalecem a agricultura no semiárido, como o Seguro Safra, construção de cisternas, em cada uma das moradias da caatinga, e programa de apoio à Agricultura Familiar.
Senhoras e senhores, prefeitos e prefeitas! A seca é tema de debates desde a época do império. Não são poucos os relatos da vida dura e sofrida do sertanejo quando vem a seca. Isso foi relatado com realismo e fortes emoções pelo nosso maior escritor, Graciliano Ramos. Em diversas músicas também, afinal, quem nunca se emocionou com as canções de Luiz Gonzaga cantando o sertão e seu povo?
Pois bem, há 30 anos nasceu a esperança de trazer para o semiárido uma obra que tivesse um resultado permanente e trouxesse água, desenvolvimento e a certeza de dias melhores. Nasceu a ideia do Canal do Sertão!
Pois bem, como Senador da República, encampei a ideia e o sonho do sertanejo alagoano desde o primeiro instante, e trabalhei para que o Canal do Sertão fosse uma realidade em nosso Estado. No início dos anos 90, um filho desta cidade, o ex-governador Geraldo Bulhões teve a ousadia de iniciar o projeto dessa dimensão, apenas com recursos estaduais. Sim, apenas com recursos estaduais! Porque, mesmo Alagoas tendo naquela época um ex-governador de estado na Presidência da República, infelizmente o então presidente não teve a decência, a solidariedade nem a consideração com o povo sertanejo, pois não enviou um centavo sequer para que a obra começasse.
GB plantou a esperança, mas sozinho, e sem a ajuda do então presidente Fernando Collor, a obra parou no primeiro quilômetro!
No Senado, eu e Renan Calheiros realizávamos permanentemente esforços para garantir recursos no orçamento da União. Todos os anos, alocávamos dinheiro de emendas parlamentares para a obra, o que assegurou o custeio do projeto e possibilitou, depois de um trabalho intenso, a outorga do Canal do Sertão na Agência Nacional de Águas.
Com a outorga da ANA, a Agência Nacional de Águas, o projeto do Canal do Sertão estava pronto para que pudéssemos lutar por sua inclusão na lista de obras de prioridade nacional do governo federal. Foi assim que o Canal do Sertão passou a constar do Projeto Alvorada do governo do presidente Fernando Henrique e ganhou força para, depois, entrar no PAC dos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma.
Quando assumi o governo de Alagoas, em janeiro de 2007, determinei prioridade máxima para que o Canal do Sertão virasse realidade. Empenhei-me direta e pessoalmente nessa empreitada e hoje o Canal já é uma realidade em 65 quilômetros já concluídos, a terceira etapa já iniciada e a quarta e a quinta etapas já licitadas. E disso, desse trabalho, dessa parceria com o governo federal que resultará na inauguração, dia 11 de março, com a presidenta Dilma, dos primeiros 65 quilômetros do nosso Canal, eu também sinto muito orgulho.
Orgulho que compartilho com vários parceiros, como o governo federal e cito especialmente o presidente Lula e a presidenta Dilma, a bancada federal, e registro aqui, agradecido, o empenho do senador Renan Calheiros e do senador Benedito de Lira nessa nossa luta, e o apoio permanente dos deputados Givaldo Carimbão e Maurício Quintella, da Assembleia Legislativa, os operários da obra, os técnicos da Seinfra, os diversos órgãos do Estado envolvidos na obra, e os agricultores, muitos já beneficiados com a água do nosso Canal do Sertão. Água que, nesta emergência da seca, já abastece carros pipa para consumo humano e consumo animal em nosso semiárido. Ou seja: os avanços que viabilizamos em seis anos de governo começam a dar resultados e, num momento como este, já representam uma mudança importante na assistência ao homem e à mulher do campo.
Mas o Canal é apenas uma parte do nosso esforço para enfrentar a seca. O nosso governo, este governador aqui, que tem nas veias o sangue de agricultores, sabe exatamente o tamanho da dor e do estrago causados por essa estiagem. Alguns aproveitadores de plantão, que poderiam ter feito muito pelo semiárido alagoano e pelos sertanejos, mas nada fizeram, aproveitam o sofrimento e as dificuldades para querer aparecer. Mas para essas pessoas a nossa resposta vem em forma de ações concretas.
Estamos investindo, em parceria com o governo federal, R$ 400 milhões nas Adutoras da Bacia Leiteira, do Agreste e do Sertão, beneficiando diretamente 1 milhão de alagoanos. Até o final de 2014, 100% dos municípios do semiárido estarão recebendo água tratada.
Nesses cinco dias, aqui no Sertão, vamos inaugurar a Adutora Cacimbinhas/Batalha/Major Isidoro e dar a Ordem de Serviço para a conclusão da Adutora de Dois Riachos.
Além dos recursos que lutamos para trazer de Brasília, do Governo Federal, que infelizmente demoram na burocracia e nas exigências às vezes absurdas pela urgência que temos em aplicar esses recursos em benefício do povo, quero aqui anunciar que destinaremos de recursos próprios, do governo do Estado, mais R$ 5 milhões para o socorro imediato dos municípios mais afetados com essa seca. Esses recursos vão se somar aos R$ 2 milhões que já disponibilizamos e aos investimentos já feitos e que estamos fazendo, como limpeza de barreiros, construção de cisternas, distribuição de farelo de soja e farelo de milho.
Estamos investindo também, por meio da Casal, cerca de 300 mil reais por mês para abastecimento de água sem custo para os municípios. Desde o início da implantação das ações emergenciais na seca, esses investimentos já totalizam mais de 2 milhões de reais.
Senhoras e senhores, prefeitos e prefeitas, o nosso governo está aqui também para dizer a todos os alagoanos que acreditamos e estamos trabalhando para potencializar a economia do nosso Sertão. Durante esses dias em que o Sertão vira sede oficial do Governo do Estado, vamos estar em vários municípios inaugurando e visitando obras, levando novas ações, recebendo os pleitos das lideranças, conversando com o povo, aproximando mais ainda o poder público dos municípios do semiárido.
Todos, absolutamente todos os municípios do nosso Sertão, foram e vêm sendo objeto de ações concretas de nosso governo, nas mais diversas áreas. Ações que beneficiam diretamente as populações de cada um dos municípios, como a construção de casas para quem precisa, em alguns municípios; a recuperação das vias de acesso aos municípios, em outros; a substituição de redes antigas de distribuição de água, a construção e recuperação de unidades de saúde, ambulâncias cidadãs, reformas de escolas e delegacias e a distribuição de sementes em todos eles.
Ações que têm alcance regional, beneficiando as populações de vários municípios, como a recuperação e pavimentação de estradas, a exemplo da rodovia AL-220, até Delmiro Gouveia, praticamente recuperada, a construção e duplicação de adutoras, a implantação de perímetros irrigados, os polos de produção integrada de alimentos, as bases do Samu. Aqui no Sertão, assim como em todo o Estado, a cada 30km tem uma base do Samu.
No hospital de Santana do Ipanema, e que atende a toda esta região, o nosso governo, em parceria com o município, colocou em funcionamento o hospital municipal e transformou-o numa referência estadual e regional, pela excelência das instalações e dos serviços; o Programa do Leite, o Programa de Cestas Nutricionais para gestantes carentes, distribuição de medicamentos da atenção básica, descentralização da distribuição de medicamentos de alto custo. Em Delmiro Gouveia, a Fábrica da Pedra estava para fechar, mas com incentivos fiscais garantimos que ela continuasse a gerar renda e emprego na região.
Entre as nossas ações de governo, registro a criação da Nova Emater, que é fundamental no apoio à política agrícola no Estado e em especial à assistência dada ao trabalhador do campo no Sertão alagoano.
As etapas concluídas do Canal do Sertão já beneficiam diretamente os municípios de Água Branca, Delmiro Gouveia, Pariconha e Olho D’Água do Casado, e a distribuição de água pelos carros-pipa, a partir do Canal do Sertão, já beneficia muitos outros municípios da região, com muito mais presteza, pois agora a distância é menor entre a captação da água e sua distribuição.
E estamos trabalhando para fazer a integração do Canal do Sertão com a Adutora do Alto Sertão e, posteriormente, com o Sistema Coletivo da Bacia Leiteira, o que irá beneficiar todos os municípios da região sertaneja, aumentando potencialmente a oferta e a distribuição de água.
Por fim, reafirmo aqui a minha disposição e o meu compromisso político com o Sertão e com os sertanejos. Que possamos, nesses cinco dias de muito trabalho, pavimentar o caminho que dê concretude à esperança de um Sertão com capacidade efetiva de convivência com a seca, melhorando a qualidade de vida do povo sertanejo e alagoano.
Mãos à obra e Muito Obrigado!

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