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Direita troca compra de votos por “Ideologia de gênero” e “Erotização da infância”.

Como Cientista Social que tem interesse por sua área de estudo, os contextos sociais para mim não se perdem na fluidez do instante, como por exemplo, um momento de campanha eleitoral. Assim, em atitude além de panfletária (algumas vezes eu me permito ser) detenho a análise com vistas a alimentar o entendimento com suas vertentes culturais, econômicas e históricas.

Foi esse o tino que tive, ao receber na porta da minha casa duas jovens mulheres, que pediram autorização para me entrevistar. Posso definir suas características pessoais como meninas simples daquele interior no qual me encontrava, de aparência bastante humilde e vocabulário característico das pessoas mais empobrecidas do lugar.

Disseram trabalhar voluntariamente naquela pesquisa política. Concordei em responder.

Queriam saber se eu aprovava a liberação do uso de drogas.

Se eu era favorável à mudança de sexo por crianças, mesmo sem a permissão dos pais.

Se eu concordava que as escolas ensinassem a crianças e adolescentes sobre “Ideologia de Gênero” e “Educação Sexual”, acrescentando que seriam incentivados a mudarem de sexo: “Ou seja, serão ensinados que meninos podem ser meninas e meninas podem ser meninos.”

Após terem “supostamente” trabalhado toda a minha indignação, fizeram a pergunta fatal:

Você votaria em um candidato que defende a família e é contra todos esses projetos?

Respondi que sim, então me entregaram um panfleto, mas segundo a Lei Eleitoral, eu não posso dizer qual foi o candidato a deputado estadual.

Desse modo, experimentei o que as casas simples das pessoas também simplórias, que vivem na cidade, estão vivenciando nestes dias de campanha eleitoral, quando partidos e candidatos trocaram a “dentadura” e os “pares de chinelo” para que  os eleitores pudessem ir votar, pelos fakes news “Ideologia de Gênero e Erotização da infância”.

Nas lembranças de antigas eleições, recordo que os caciques da política faziam cadastros para beneficiar os simples com pequenos objetos, uma camisa e ticket para receber cachorro quente depois de votar. Agora estão enviando prepostos até as suas casas para os  assustar, pois nada causa mais terror do que pensar nos filhos e netos envolvidos com drogas, haja vista a quantidade de jovens exterminados sob este rótulo de justificação.

Liberar as drogas! Assim apresentam os candidatos da esquerda.

Erotizar a infância, transformar meninos em meninas…e aprender tudo isso na escola! Consegue pensar nisso sem ficar indignado? Homens e mulheres de vidas comuns, batalhadores da sobrevivência parca, como recebem essa informação? Eles acreditam!

Já vi em outra ocasião as duas moças vendendo livros da Andressa Urach, como a história de um milagre de conversão e salvação! Custava 30 reais. Recusei a compra, mas elas insistiram exaustivamente, nem que fosse somente para ajudar a igreja.

Entendem? São discípulas de uma igreja neo-pentecostal fincada na periferia da cidade. Estão fazendo campanha eleitoral de porta em porta, incitando a ignorância a correr para os braços longos do fascismo!

A despolitização grassante vulnerabiliza as populações, e a classe dominante, que também domina púlpitos e enriquece recebendo dízimos, sabe disso. Fomenta a mentira em nome do poder que deseja ampliar, sempre manifesto em funesto moralismo.

Visitei alguns perfis de internautas que costumam me atacar por causa das minhas convicções políticas progressistas e humanitárias, e lá eu pude ver o material que alimenta a mente dos eleitores ortodoxos, com inúmeras animações de cunho perverso, machista, misógino, tendo a imagem representativa de Maria do Rosário como alvo, como veículo de piadas grosseiras.

Temos um mapa gigantesco para montar Brasil a fora e entender que o cenário pede muito mais que negação, precisamos desenvolver a persuasão esclarecedora, gerar nas pessoas do entorno a sensação de estarem sendo traídas por estas pessoas.

As tais pesquisadoras acreditam no que dizem, porque foram mesmo doutrinadas para isto.

O papel social e político dos formadores de opinião é desafiador, pois pede capacidade de aproximação, convivência com o império do senso comum, que neste instante se encontra impactado por diversos medos, reais ou imaginários, temem perder o controle, e são coagidos a entregar este controle nas mãos de quem? De você sabe quem!

É tenso! Mas a amorosidade de uma abordagem assertiva ainda pode fazer muito pelo nosso país. Descansemos, reflitamos e nos preparemos para o combate do bem contra o mal, bem assim.

 

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