Ícone do site Repórter Nordeste

Dirceu para advogado: ‘Sou teu devedor para o resto da vida’

Folha

O advogado José Luís de Oliveira Lima acabara de deixar a tribuna de defesa no Supremo Tribunal Federal (STF) quando recebeu uma mensagem: “Sou teu devedor para o resto de minha vida”, escreveu o ex-ministro José Dirceu, de sua casa, em Vinhedo, interior de São Paulo.

“A recíproca é verdadeira”, retribuiu, dizendo-se grato pela confiança do petista em seu trabalho. Ele não era a primeira opção de Dirceu.

Acompanhada com atenção por membros do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff e colaboradores do ex-presidente Lula, o desempenho de Oliveira Lima foi bem avaliado.

Já a defesa de José Genoino, ex-presidente do PT e hoje assessor do Ministério da Defesa, é alvo de preocupação. Na avaliação de petistas, o advogado Luiz Fernando Pacheco, que várias vezes recorreu a um lenço para secar o suor do rosto, passou a imagem de hesitação. Advogados consultados pelo PT fizeram diagnóstico semelhante.

Para alguns, a exaltação de qualidades pessoais de Genoino, como o seu bom coração e sua biografia de serviços prestados, pode ser interpretada como apelação ou falta de elementos técnicos.

Embora ainda apostem nas chances de absolvição, integrantes do governo e do PT temem que, com o desempenho do advogado, Genoino fique ainda mais abalado.

Amigos relatam que Genoino está abatido. Recentemente, teria dito a mais de um interlocutor que sua vida perderá sentido em caso de uma condenação.

Procurado pela Folha, Genoino não quis comentar a atuação de Pacheco. “Por favor, fale com o meu advogado”, limitou-se a repetir.

Presidente do STF, ministro Ayres Britto durante as argumentações dos advogados de defesa

ELOGIOS

Na última tentativa de sensibilizar os 11 integrantes do STF, os advogados fizeram uma série de elogios aos ministros. Oliveira Lima começou dizendo que fica tranquilo quando lembra do ministro Marco Aurélio Mello repetindo que o processo “não tem capa”, ou seja, não tem partido nem viés.

Pouco antes, ele homenageou Celso de Mello, citando um artigo segundo o qual o ministro “nunca se deixou pressionar, nunca vergou”.

“Forças políticas, imprensa, opinião pública, nada disso o afeta, ainda que por isso tenha sofrido incompreensão e injúrias”, afirmou.

O autor do texto era Arnaldo Malheiros Filho, responsável pela defesa de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.

Ele lembrou que Mello julgou favoravelmente ao ex-presidente Fernando Collor por entender que, para ser condenado por corrupção ativa, seria necessário demonstrar nexo entre aquele que corrompe e o agente público corrompido.

Segundo ele, a situação do mensalão é a mesma.

Sair da versão mobile