Dilma diz que ódio não move Comissão da Verdade

Reuters

A presidente Dilma Rousseff emocionou-se nesta quarta-feira ao instalar a Comissão da Verdade e, ao lado de todos seus antecessores no Palácio do Planalto desde a redemocratização, afirmou que as investigações não serão movidas pelo ódio ou revanchismo, mas pela necessidade de o Brasil conhecer a “totalidade de sua história”.

“Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu”, disse a presidente sobre o grupo criado para buscar o esclarecimento de crimes e abusos contra direitos humanos cometidos no país entre 1946 e 1988, período que inclui o regime militar (1964-1985).

O Planalto convidou os ex-presidentes para fazer da posse um “evento de Estado, não de governo”, como afirmou Dilma que, no discurso, ressaltou contribuições de cada um deles. Além dos presentes –José Sarney (1985-1990), Fernando Collor (1990-92), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) -, Dilma citou Tancredo Neves (não chegou a tomar posse) e Itamar Franco (1992-1994), já mortos.

Ao defender as investigações sobre crimes durante a ditadura, Dilma, que foi torturada e presa por três anos pelo regime militar, afirmou que a ignorância sobre a história “mantém latente mágoas e rancores”.

“O Brasil não pode se furtar a conhecer a totalidade de sua história. Trabalhamos juntos para que o Brasil conheça e se aproprie dessa totalidade da sua história”, disse ela. “A sombra e a mentira não são capazes de promover a concórdia. O Brasil merece a verdade”, acrescentou.

Ao final do discurso, Dilma se emocionou ao falar nos mortos e desaparecidos. “As novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo, como se eles morressem de novo a cada dia”, afirmou ela, que em outras ocasiões lembrou companheiros perdidos durante o período.

“É como se disséssemos que, se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e mulheres livres que não têm medo de escrevê-la”.

No evento, foi assinada a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, aprovada no Congresso.

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