Dilma exclui Renan Calheiros na indicação de estatal bilionária

A conversa entre Renan e a presidente Dilma Rousseff, que deu a ordem para a retirada do PMDB de Calheiros da estatal, é relatada na revista IstoÉ, deste final de semana

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, perdeu poderes sobre a

Indicado pelo senador Renan Calheiros (direita), Sérgio Machado (à esq.) será substituído na Transpetro

Transpetro, a poderosa estatal vinculada ao Ministério das Minas e Energia, com orçamento de R$ 1,6 bilhão. Cabia a Renan a indicação da “cabeça” da estatal.

A conversa entre Renan e a presidente Dilma Rousseff, que deu a ordem para a retirada do PMDB de Calheiros da estatal, é relatada na revista IstoÉ, deste final de semana.

A Petrobrás Transporte (Transpetro) comanda, por exemplo, todos os projetos de estaleiro no Brasil. A construção de barcaças e empurradores na hidrovia Tietê, no Paraná? É de responsabilidade da Transpetro. A manutenção dos dutos que transportam o petróleo brasileiro entre os estados? Passa pela Transpetro.

A Petrobrás Transporte tem orçamento, para este ano, de R$ 1,6 bilhão (exatos R$ 1.649.778.000).

Como tem controle sobre os estaleiros- incluindo o Eisa S.A, o terceiro maior do mundo, projetado para a praia de Coruripe, em Alagoas. Para a aquisição de navios, destes estaleiros, a Transpetro vai gastar, este ano, R$ 1,1 bilhão (R$ 1.135.358.000).

A conversa

Segundo a IstoÉ, Dilma não está satisfeita com os rumos do setor elétrico.

Ao assumir a Presidência, no entanto, ela começou a pôr em prática sua estratégia de deixar o setor cada vez mais perto de si, com a troca dos comandos da Eletrobras e de Furnas, e a nomeação de Graça Foster para a presidência da Petrobras. Uma das primeiras medidas de Foster, técnica de inteira confiança de Dilma, foi exonerar diretores indicados para a estatal por políticos ligados ao PMDB. Caíram Jorge Zelada, da Área Internacional, que tinha o apoio pelas bancadas de Minas Gerais e Rio de Janeiro, e Paulo Roberto Costa, de Abastecimento, que devia seu cargo a um consórcio formado por PMDB, PP e PT. Agora, a troca de comando deverá ocorrer na Transpetro, pilotada pelo ex-senador Sérgio Machado, indicado pelo PMDB na cota de Renan Calheiros (AL). Há alguns dias, a própria presidenta informou a Renan, líder do partido no Senado, que fará a substituição.

Também deverá perder o posto o diretor da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto, indicado pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que não tem assegurada sua permanência no cargo. O ministro é aliado de primeira hora do presidente do Senado, José Sarney, a quem Dilma já expôs seu projeto. Para não causar maiores atritos com o principal partido da base aliada, a presidenta disse a Sarney que irá apoiar a candidatura de Lobão para a sucessão da presidência do Senado.

O pacote negociado com Sarney incluiu a filiação ao PMDB, em março passado, do atual secretário-executivo de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que deverá assumirá o comando da pasta no lugar de Lobão. O acordo, no entanto, não satisfaz a todos os caciques peemedebistas e o vice-presidente Michel Temer já tem se empenhado em aparar arestas. Como sempre, o PMDB ameaça dificultar votações de interesse do governo para ganhar mais espaço e empregos. O problema é que não há na agenda imediata de Dilma nenhuma pauta que dependa do Congresso e no calendário eleitoral será difícil ao PMDB trombar com a popularidade da presidenta.

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