Dez anos após crime, começa julgamento dos acusados na morte de Paulo Bandeira

Começa na próxima segunda-feira (18), no fórum do Barro Duro (Maceió), às 13 horas, o julgamento dos acusados na morte do professor de Educação Artística, Paulo Bandeira, assassinado no dia 2 de junho de 2003 por denunciar irregularidades na aplicação de recursos federais da Educação na cidade de Satuba.

O julgamento será conduzido pelo juiz  John Silas da Silva. O autor intelectual do crime é o ex-prefeito da cidade, Adalberon de Moraes Barros. Os executores, segundo as investigações do Ministério Público Estadual, foram Marcelo José dos Santos, Ananias de Oliveira Lima e Geraldo Augusto Santos da Silva.

As investigações mostram que a morte do professor Paulo Henrique da Costa Bandeira foi premeditada. No dia 2 de junho de 2003- segundo o inquérito- às 15h30, ele recebeu um recado, segundo uma testemunha, da professora Rita Lúcia Menezes de Omena. Bandeira, que  estava na escola de 1º grau Josefa da Silva Costa (onde ensinava), deslocou-se para a Prefeitura de Satuba.

Na Prefeitura, conversou com a servidora Mônica Tenório, que pediu ao professor aguardasse um pouco, enquanto ela entrava em contato com uma funcionária de nome Jane.

Bandeira saiu da Prefeitura, avisando: “Vou aqui e já volto”. Foi a última vez em que ele foi visto com vida.

Segundo apontam as investigações, Paulo Bandeira entrou em seu carro, um Gol Branco, e saiu em direção a uma rua de acesso à BR 316.

“O professor não foi mais visto na Cidade. Testemunhas afirmaram, no entanto, terem presenciado uma pessoa de ‘sexo masculino’, estatura alta, compleição forte, cor de pele branca, cabelos grisalhos, cabeça meio calva’, próximo a um automóvel,  de cor branca, no lugar denominado’mata’, no Município de Satuba-Al, pessoa esta reconhecida, posteriormente a uma reportagem policial , como sendo a vítima”, detalha o inquérito.

No dia 4 de junho (dois dias após sair da Prefeitura de Satuba), o corpo de Paulo Bandeira foi encontrado, totalmente carbonizado, em frente ao Povoado Primavera, próximo à Fazenda Campolina, em local considerado de difícil acesso, a 2,160 quilômetros da BR 316, com plantação de cana e restos de Mata Atlântica. As terras pertencem à Usina Utinga Leão. O corpo foi identificado com exame de DNA.

“Pelas condições em que o cadáver foi encontrado os expertos concluíram ‘ter ocorrido no local em causa uma morte violenta  (homicídio), possivelmente pela ação do calor proveniente da queima do veiculo onde foi encontrado o cadáver”, explica o laudo pericial.

As investigações da época logo apontaram para o prefeito de Satuba, Paulo Bandeira, que tramou o crime e solicitou aos seguranças Geraldo Augusto da Silva e Ananias Oliveira Lima a execução.

“A vítima há muito vinha realizando denúncias sobre a malversação, por parte do autor intelectual, sobre os recursos do FUNDEF. Registra-se que as referidas irregularidades devidamente comprovadas, estão amplamente divulgadas na televisão e nos jornais, em virtude do resultado das investigações realizadas pelo Tribunal de Contas do Estado”, afirma o inquérito.

Saindo da Prefeitura em seu carro, Paulo Bandeira foi interceptado pelos seguranças de Adalberon além de Marcelo José dos Santos e, em seguida, sequestrado. Levado às terras da Usina Utinga Leão, foi amarrado, com correntes, nas pernas, tórax e pescoço. Em seguida, eles atearam fogo no veículo. As conclusões do inquérito indicam que Paulo Bandeira teve os horários investigados pelos réus, em seguida foi atraído por um telefonema, em seguida sequestrado e assassinado.

“Deve-se registrar ainda que a vítima não possuía nenhuma inimizade, era um indivíduo pacato e ordeiro, e havia sido ameaçada de morte pelo autor intelectual”, explica o Ministério Público.

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