As imagens do desespero das famílias na porta do IML, em Maceió, não deveriam existir se o Ministério Público Estadual tivesse levado adiante, na Justiça, o pedido de interdição do casarão do bairro do Prado. Desde o dia 20 de janeiro de 2011 que o MP, oficialmente, tinha- e ainda tem- o retrato mais dramárico da Alagoas que não supera o seu passado colonial nem diante dos próprios mortos.
Diz a ação:
– Mil laudos periciais estão encalhados no instituto;
– Médicos e peritos embolsam dinheiro de cursos de atualização;- Não há raio X;
– O líquido que escorre dos corpos, nas autópsias, é despejado na rede pública de saneamento, e restos de cadáveres são jogados no lixo, que tem destino ignorado;
– O prédio funciona sem licenciamento ambiental e foi condenado pela Vigilância Sanitária por ameaçar a saúde dos funcionários;
– Há riscos de choques elétricos e desabamento;
– As escalas de trabalho não são obedecidas pelos médicos.
O diagnóstico do MP é o mais completo relatório sobre o prédio que funciona, de improviso, há 80 anos.
“Ali, a imagem parece a de um filme de terror”, disse o material sobre o local onde o MP constatou “sujeira, podridão, descaso e abandono total”, diz o documento.
O MP pedia a construção de um novo prédio em seis meses- até junho de 2011. E a nova sede do IML, que não tem alvará para funcionar, ainda está no chão, no Tabuleiro dos Martins, invadida pelo mato e as promessas, de um dia, o caos terminar.
Mas, a Alagoas das peculiaridades, que funciona através de planos heróicos anunciados por líderes atabalhoados, assiste hoje o profundo desinteresse pela coisa pública, confortado pelo pragmatismo da propaganda: somente nela os tempos estão melhores, mesmo que o sonhos de alguns poucos sejam o pesadelo da maioria, fora deste Limbo.