Desembargador acusa PM de 'excesso' em Massacre do Carandiru

O desembargador Fernando Antonio Torres, juiz da Corregedoria dos presídios na época do massacre, disse que houve excesso na ação da Polícia Militar durante a invasão do Carandiru. Ele foi a segunda testemunha de defesa ouvida nesta terça-feira.

“Uma coisa é entrar, outra é resultar em 111 mortes. Não há nexo”, afirmou Torres. “Era necessário ingressar, mas não era necessário o resultado obtido.” Torres disse que, quando entrou no pavilhão 9, sangue escorria pelas escadas.

Ele afirmou, ainda, que o diretor do presídio na época, Pedrosa, comentou com ele que havia possibilidade da rebelião se irradiar para outros pavilhões. O desembargador contou que viu policiais feridos saindo do Carandiru –um baleado, segundo ele.

Torres declarou que ouviu barulho de rajadas de metralhadoras, diferentemente do que contou, mais cedo, seu colega Ivo de Almeida. O próximo a ser ouvido será Luiz Augusto San Juan França, juiz da corregedoria dos presídios.

Mais cedo, um dos juízes que participaram das reuniões que autorizaram a entrada da tropa da PM ao Carandiru (zona norte de SP), hoje o desembargador Ivo de Almeida, disse que não viu nenhum preso sendo executado pelos PMs durante o massacre de 1992, como afirmou ontem (15) o ex-diretor do Carandiru Moacir dos Santos.

Almeida afirmou ainda que a entrada da PM foi necessária porque a unidade estava fora de controle. “Nossa preocupação era manter a integridade física deles. Poderia haver uma carnificina lá dentro”, disse.

Almeida conta que nenhum civil conseguiu entrar no presídio com a PM. Ainda segundo ele, embora tenha autorizado a entrada, os juízes não imaginavam que o resultado seria aquele. “Não esperávamos um desdobramento desses”, disse. “Foram muitos mortos.”

 As informações são da Folha de São Paulo

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