E se perguntássemos aos moralistas contemporâneos o que eles fizeram na estação passada, o que será que nos diriam, ao olhar as crianças da conhecida favela maceioense Sururu de Capote, sendo comidas pelo bicho-de-pé?
Será que se escandalizaram com a ulceração em massa, na referida localidade?
Por que os parlamentares que erotizam a palavra gênero com tanta repulsa, não sentem a mesma indignação diante da palavra “miséria”?
A resposta é simples: porque vivemos em uma sociedade hipócrita!
E a temática da guarda das morais alheias chama mais a atenção do que o combate à violência, a fome e a ausência de políticas públicas essenciais.
Se cada um de nós expressasse real indignação diante das multiformes miserabilidades socialmente forjadas, quiçá tempos de mais justiça social se efetivassem.
Contudo, permanecemos condenando a serpente do paraíso enquanto liberamos faraós sanguinários; nossa pervertida compreensão do corpo e da sexualidade fala mais alto do que qualquer senso humanitário coletivo.
Longe, muito distante do céu, queimamos no fogo do inferno pagão nossas hipócritas bases familiares e pseudo-cristãs.
E quanto ao parlamento alagoano…continua negociando almas!