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Desafios e encantos no texto de Wilson Garcia sobre Espiritismo

Manter algumas crenças tornadas populares no sobejo cardápio diário das ideias que guiam nossas vidas, não me parece reprovável. Me concedo o direito de ser comum. Começo assim para dizer que “nada acontece por acaso” e foi em um momento de chegada de viagem, desmonte de malas e recuperação energética física e mental, que encontrei o texto de Wilson Garcia passeando em uma rede social. Apesar dos corres momentâneos me senti instigada pela chamada e parei para fazer a leitura. De cara aprovei a iniciativa, dialoguei com a temática e considerei reler em outro instante, com mais condições de absorver tantos ensinamentos válidos.

Transcendência  e desafios da criação intelectual no Espiritismo como doutrina em permanente transformação é o título do artigo.

A seriedade do autor construída por um currículo inquestionável, já basta para recomendar o respeito diante de sua escrita, mas essa provocação contemporânea é sem dúvida inolvidável. E quando menos esperei, reencontrei Wilson pelas redes outra vez. Agora vou agarrar esse texto! Logo pensei. Assim o fiz. Fiquei feliz em fazê-lo e aqui registro que não me obrigo a concordar com a totalidade das suas considerações, mas amei confrontar meu olhar menos maduro que o dele com suas valiosas construções teóricas eivadas de boas intenções.

“Todo pensador está está inevitavelmente enraizado em seu tempo” é a consideração crucial para seguirmos pensando sem diminuir características de escritas consideradas clássicas, porque dessa nascente surgem aqueles e aquelas que superam essa temporalidade, mas permanecem humanos. Transcender as teias da cultura, paradigmas e dogmas, requer instrumentalização e força de maturação mas permanece na alçada das possibilidades, caminho aberto do ontem para o agora, quiçá para o amanhã e os dias aos quais não alcançamos prever.

“Talvez a verdadeira transcendência esteja em dominar tão profundamente os códigos do seu tempo que se possa ressignificá-los por dentro” e isto revela o esforço legítimo de quem consegue ser e projetar, por essa razão me mantenho afeita a fazer leituras analíticas sem o intuito de devastar, mesmo quando o passado fincou questões que o presente não aceita mais. Todo mapa teórico que em si revela transcendência e desatualização continua importante para a compreensão posterior dos processos, instigando sequências renovadoras, mas aprecio aquelas que de algum modo, sabem conservar a importância do que já foi, para abrir perspectivas maduras no que é possível ser.

O texto com o qual dialogo em humilde posto de leitora é imenso, por isso mesmo não pretendo uma dissecação da voz do autor, mas apenas mostrar o quanto alguns pontos reverberam em meu próprio pensamento, me tirando da rotina para lembrar de Kardec em sua grandeza renovadora, lendo no artigo que seu grande feito foi não se deixar aprisionar nem pelo ceticismo radical nem pelo misticismo passivo”.

Movimentar estas placas padronizadas nos comportamentos de cada época não é fácil, e apenas quando o objetivo é grande, a individualidade arregimenta a força necessária para fazê-lo, sob a custódia de instrumentalizações dos saberes específicos, que requerem formação e direcionamento ético/estético.

“Por que Kardec ainda ressoa? 

Muitas das questões que Kardec abordou – a sobrevivência da consciência após a morte, a possibilidade de comunicação entre dimensões, a ideia de evolução espiritual – continuam relevantes hoje, especialmente em um mundo onde a física quântica, a psicologia transpessoal e os estudos sobre a consciência desafiam paradigmas materialistas”.

Obviamente muitos de nós acrescentaríamos palavras e outros sentidos para a permanência desse eco, mas isso apenas prova que Kardec transcendeu em seu trabalho, permitindo que seguíssemos buscando compreender sobre o existir com os recursos que individualmente amealhamos em nossas histórias, tomando como referência aquilo que trouxe e nos deixou.

O artigo não se limita a este diálogo e seria muito pretensioso da minha parte invocá-lo em uma escrita simples, mas fica aqui a sugestão de leitura para quem desejar dialogar com Wilson Garcia e suas palavras baseadas em seus próprios arquivos intelectuais, abertos e expostos para aqueles que buscam ampliar o próprio olhar sobre o passado, presente e futuro do Espiritismo.

Em vários pontos me senti acolhida, em outros desamparada, mas no todo foi uma experiência de leitura com efeitos sensoriais, pelo que agradeço ao autor. Quem escreve precisa fazer leituras assim, que desalojam, que acolhem, que revelam a importância das diferenças e a grandeza das atitudes ousadas, pois os padrões já cumpriram seus papéis, e o novo dia segue aberto à liberdade de pensar.

Quem buscar poderá encontrar aqui: Transcendência e desafios da criação intelectual no Espiritismo como doutrina em permanente transformação | espiritismo e+

Boa leitura!

 

SOBRE O AUTOR

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