Sofregamente,
O oásis de Juscelino
Incrustrado no cerrado brasileiro
Agoniza, década a década
O sonho ocupacional
Do centro de nossa terra
Ganhou alma e cor a partir
De Niemeyer e Costa, em cada pincelada
Projetada como um avião
A cidade-política ainda impressiona
Quando vista do Céu, principalmente à noite,
No ideário de levantar voo, a qualquer momento
Agoniza, no entanto,
A estrutura do animus que lhe infunda
Pelos indignos ocupantes que, muitas vezes,
Ocupam posições de destaque, em cada assento
Todavia, convém terceirizar o alvo
Dizendo-se que tal ou qual dos agentes
Se vale da política estatal
Para o locupletamento próprio ou de outros
Quando, em realidade,
A responsabilidade cabe a todos
E se reflete em cada e sucessiva escolha
E o resultado é do todo, beneficiar alguns poucos
A beleza arquitetônica se funde com a natural
Em cada um desses dias tempestuosos;
A quentura dos dias cede espaço à chuva fria
E vai molhando o concreto e o asfalto
Olhando o Céu escuro
Se vislumbra os assustadores raios
Espero, eu, que sejam alvíssaros e pontuais
Para varrer, quem sabe, a corrupção em sobressalto
Mas, tal qual ocorre com a dinâmica da vida
Nem Deus, nem seus agentes,
Poderá modificar aquilo que nos compete
Na senda da transformação que se anseia
Haverá, então, de ser uma sucessão
De brados retumbantes a inspirar
As atitudes que inibam a covardia e o comodismo
Mangas arregaçadas pronta para a peleia!
*** Poesia composta a partir da foto do Congresso Nacional Brasileiro, de Ueslei Marcelino Silva.