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De Alagoas ao Brasil: o retorno do coronel

Fenômeno político curioso segue rumo ao cotidiano brasileiro, e de modo conhecido e palpável encontramos seus tentáculos em Alagoas, é o retorno do coronel.

Algumas regiões do país não admitem tê-lo, mas muda apenas a designação, pois as práticas são as mesmas.

Chamá-los caciques é algo muito característico de Brasília, pois cabe na metáfora de “cabeça” de uma tribo.

Fato inconteste: significa retrocesso violento.

Voltemos então aos dias claros da redemocratização, quando a esperança enfeitou com doces a palavra cidadania, no país ferido pelos crimes da ditadura militar.

Havia fome de renovação, emplacando no quadro político gente que pensava um país menos desigual, com mais direitos e usufruto de vida. Todo esse movimento se deu nas centralidades do Sudeste, influenciando as demais localidades, onde o mando nunca afrouxou as rédeas, mas foi coagido a deixar entrar algumas representações do que se considerava evoluído.

No dinamismo camicase da democracia brasileira, chegamos ao ponto de confundir políticos e mercado, conectando com muito mais do que a naturalização do BBB (bíblia, boi, bala), fomos capazes de encontrar vieses no esgoto urbano das milícias e em tragicomédia nacional, da junção dos males brotou um potente caldeirão fascista que matou muitos brasileiros de forma anunciada.

Tomou forma o espectro ao qual devemos combater: o político fascista, apresentado como adolescente maldoso, ávido por representar as vozes do esgoto sobre fartos financiamentos de campanha.

Para correr do pernóstico gritador, qualquer nome haverá de servir. Nessa lacuna, o carcará ataca a presa e retorna lustroso o coronel, agora defendendo a democracia, mas louco para retomar a velha forma de fazer política sem nenhum tipo de contenção, porque ele não se envergonha de ser perseguidor, punitivo e utilizar a máquina pública para afetar aqueles que considera adversário, esquecendo amplamente o social, os trabalhadores e seus direitos de viver com dignidade.

Nem precisamos dizer que neste cenário a esquerda está acoplada a esta ideia salvífica, formalizando o pânico do fascista, e gritando liberdade na sacada do escolhido…

Assim está Alagoas: esquerda acoplada, coronel no poder e espectro fascista rondando.

Quem poderá salvar os eleitores, senão a consciência real deste fenômeno?!

O xadrez não pede amadorismo, porque além de milhões em jogo existe a retomada de um caminho cada vez mais liberal, sustentado por elementos arcaicos.

O poder luta pelo poder.

Por nós, apenas nós, poderemos lutar, mas precisaremos sensibilizar a sociedade e puxar as orelhas das instituições, embora saibamos que elas fazem parte desta estrutura.

 

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