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Damares associa ritual indígena de produção familiar a estupro de mulheres indígenas

Solenidade de apresentação da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e dos secretários da Pasta.

No dia internacional da Mulher, a ministra Damares Alves cometeu uma confusão, ao falar sobre os “muitos casos”, segundo ela, de estupro coletivo em aldeias indígenas brasileiras num ritual chamado de Puxirum.

“Existe um ritual, em alguns povos chamado Puxirum. Significa mutirão. Em alguns povos, escolhe-se mulheres e meninas para fazer um mutirão sexual com ela. Mutirão sexual para mim é estupro coletivo. Existem muitas aldeias que ainda fazem estupro coletivo.Vamos cuidar, sem criminalizar esse índio, sem fazer interferência cultural, [nem] colocar esse índio na cadeia. Nós vamos dialogar com os povos.”, disse, segundo o Correio Brasiliense.

Em verdade, o termo Puxirum, segundo Kelly Russo, jornalista com especialização em Direitos Humanos e Diversidade Cultural, quer dizer “reunião de esforços em prol de um objetivo comum”. Não é associado a sexualidade, mas a trabalhos coletivos nas aldeias.

A origem do termo, diz a jornalista, é nhengatu, língua do Brasil colônia, do tronco tupi.

Ivan Ferreira de Faria, da Universidade Federal do Amazonas, diz que o termo é antigo e confirma a associação deste termo a trabalhos coletivos. No estudo realizado por ele, este trabalho coletivo é para ajudar a conseguir financiamento, “a venda de produtos em larga escala e ao mesmo tempo criar oportunidades de melhorar a perspectiva de vida dos associados”.

Raimundo Nonato Brabo Alves, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, também associa este termo a mutirão, indo além: associa às famílias dos índios.

Veja trecho:

“No preparo das roças, os indígenas tinham por princípio convidar os parentes e vizinhos para trabalhos em comum, no sentido do auxílio mútuo, isto é, de troca de dias. Este procedimento também é típico dos caboclos da Amazônia. Na região de Santarém, Alenquer, Óbidos e circunvizinhanças chamam-na de “puxirum”, no Rio Negro de “ajuri” (Frikel, 1959). No sul do país, esta prática é conhecida como “mutirão”, “putirão” ou “convite”. Contudo, ressalta-se que os indígenas reservam sempre à família o direito de propriedade”.

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