Cristovam quer abolir partidos

Estado de Minas

Em discurso ontem, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu a extinção dos partidos políticos no Brasil como uma resposta às reivindicações dos manifestantes. “Talvez eu radicalize agora, mas acho que para atender o que eles querem nós precisaríamos de uma lei com 32 letras: estão abolidos todos os partidos. Isso sensibilizaria a população lá fora. Hoje, nada unifica mais todos os militantes e manifestantes do que a ojeriza, a desconfiança, a crítica aos partidos políticos”, discursou da tribuna do Senado. Ele afirmou que “talvez seja a hora de dizer: estão abolidos todos os partidos” para colocar “outra coisa” em seu lugar.

Cristovam citou a ex-senadora Marina Silva, que articula a criação do partido Rede de Sustentabilidade, ao afirmar que a sigla vai entrar no “mesmo sistema” das demais que já existem no país e defendeu a reorganização dos agentes políticos brasileiros. “Nossos partidos não refletem mais o que o povo precisa com seus representantes, nem do ponto de vista do conteúdo, nem do ponto de vista da forma”, analisou. O parlamentar também defendeu a realização de uma Assembleia Constituinte exclusiva para discutir reforma política, no prazo máximo de um ano, que deve incluir permissão para o chamado “voto avulso” em candidatos não filiados a nenhuma legenda.

Vigília Desde quinta-feira, as manifestações realizadas em diversas cidades do país dominam os discursos dos senadores. Eles mantiveram a sessão plenária até pouco depois da meia-noite, numa espécie de “vigília” paralela aos protestos nas ruas. Os poucos que permaneceram no plenário, no máximo cinco senadores, se revezaram em discursos para comentar as manifestações.

Os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Pedro Simon (PMDB-RS) também defenderam a convocação de uma Assembleia Constituinte para discutir exclusivamente a reforma política – principal reivindicação dos manifestantes, na opinião dos congressistas. “Quando o senador Cristovam fala em convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, eu entendo o porquê. É porque ele, como toda a sociedade, não acredita no Congresso Nacional, duvida que nós façamos alguma emenda positiva a favor do povo brasileiro”, disse Simon.

Vice-presidente do Senado, o senador Jorge Viana (PT-AC), afirmou que os protestos nas ruas do Brasil não miram em nenhum partido ou governo, mas no sistema político em geral. “Não há uma ação direta contra governo A, B, C ou D, mas contra tudo e contra todos. É um questionamento às instituições”, discursou.

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