Crise do Metanol completa um mês com 15 mortes

A crise de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas completa um mês nesta segunda-feira (27), sem que a Polícia Civil tenha chegado a uma conclusão definitiva sobre a origem da adulteração. Enquanto as investigações seguem em aberto, o número de vítimas fatais continua a subir.

Os dados mais recentes do Ministério da Saúde indicam que já são 15 mortes registradas no Brasil, com nove em São Paulo, três em Pernambuco e três no Paraná. Na última semana, foram confirmados mais cinco óbitos: dois em Osasco (SP), dois no Paraná (Curitiba e Almirante Tamandaré) e um em Salgueiro (PE).

Até o momento, 58 casos foram confirmados no país e outros 50 estão sob investigação. O estado de São Paulo concentra o maior número de notificações, com 44 casos confirmados e 14 em investigação. Além disso, há casos confirmados em Pernambuco (5), Paraná (6), Rio Grande do Sul (1), Mato Grosso (1) e Tocantins (1).

Investigação Policial e Suspeitas de Fábrica Clandestina

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que as apurações continuam em andamento e destacou uma operação deflagrada há duas semanas. Na ocasião, a Polícia Civil identificou dois postos de combustíveis — um em São Bernardo do Campo e outro em Santo André — suspeitos de fornecer etanol adulterado com metanol a uma fábrica de bebidas clandestina.

A responsável pela fábrica foi presa após a ação de fiscalização, e os investigadores trabalham com a hipótese de que o local era o distribuidor das bebidas contaminadas para a maioria dos estabelecimentos. A venda de etanol em bombonas por postos de combustíveis para este fim é ilegal.

Em coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, afirmou que, até o momento, não foram encontrados indícios do envolvimento de facções criminosas, como o PCC, no caso. Dian ressaltou que o empenho da polícia é descobrir se os donos de bares e distribuidoras tinham conhecimento de que estavam comprando bebidas adulteradas.

Na capital paulista, a Secretaria Municipal da Saúde mantém quatro estabelecimentos interditados nos bairros Cidade Dutra, Mooca, Sacomã e Ermelino Matarazzo. O bar Ministrão, no Jardim Paulista, reabriu, mas está proibido de vender destilados. A capital registrou 22 casos de intoxicação e quatro mortes.

Alerta e Tratamento

O metanol é um produto químico industrial com aparência e gosto semelhantes ao álcool etílico, sendo encontrado em fluidos anticongelantes e limpadores de para-brisa. A ingestão pode causar cegueira, coma e morte, com sintomas como dores abdominais intensas, tontura e confusão mental.

Órgãos de saúde recomendam evitar o consumo de bebidas destiladas sem procedência conhecida. O socorro em até seis horas é fundamental. O Ministério da Saúde, em meio à crise, adquiriu um lote de 2.500 ampolas de fomepizol, um antídoto que não estava disponível no Brasil, além de garantir o abastecimento do SUS com etanol farmacêutico, também usado nos tratamentos.

*Com Agências

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