Longe do barulho causado pela comemoração dos “números suíços” de Alagoas na segurança pública, os policiais do Grupamento Militar (GPM) da cidade de Girau do Ponciano- 161 quilômetros de Maceió- sobrevivem dos crimes de menor potencial ofensivo. É que, quando uma pessoa é presa e o crime cabe fiança, foi feito um acordo com a Justiça: o dinheiro serve para comprar algum equipamento que falta no GPM.
– Já compramos geladeira, fogão, tudo com dinheiro destes crimes. É o jeito, disse um policial, com a condição de não ser identificado.
Não é uma situação diferente da delegacia da cidade de Coruripe (85 quilômetros da capital alagoana). Ela tem alguma estrutura de trabalho, com viatura, mas os policiais se queixam das prisões.
– É que a delegacia não tem cela. Então, a gente depende de outras delegacias para ajudar a gente, afirma um agente policial.
Em Matriz de Camaragibe (72 quilômetros de Maceió), os presos tentaram fugir da cadeia pelo ralo do banheiro. Nesta mesma cidade, o jovem Lucas Ferreira, de 23 anos, foi assassinado em 11 de novembro. Segundo populares, ele teria brigado com alguém de outra cidade. Ele foi abordado ao sair de uma festa.
– Ninguém foi preso e a família está com muito medo, disse uma amiga dos parentes do rapaz.
– Na maioria das cidades de Alagoas, são dois policiais por delegacia, disse o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Josimar Melo.
A agência dos Correios da cidade de Joaquim Gomes (62 quilômetros de Maceió) foi assaltada pela terceira vez, este ano, no dia 27. Pelos dados do Sindicato dos Bancários, são 67 agências assaltadas em Alagoas, este ano.
Na semana passada, a sede da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) em Maceió explodiu porque, lá, eram guardados explosivos apreendidos de assaltos a bancos. A Deic fica a 150 metros da residência oficial do governador.
– Eu não sabia que ali se guardavam explosivos. Estamos apurando, disse Teotonio Vilela Filho (PSDB). Uma policial morreu e mais quatro ficaram feridos.
