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Crime sem castigo: O dia que o filho do seu Sebastião foi arrastado de casa e morto no meio da rua

Há exatos 16 anos, 12 de agosto de 2004, quatro homens armados levaram, da casa dele, o servente de pedreiro Carlos Roberto Rocha Santos, na rua Nossa Senhora da Conceição, número 26, no bairro do Clima Bom, parte alta de Maceió.

Disseram que cumpriam ordens da Delegacia de Repressão às Drogas.

Não era uma operação policial. E sim uma ordem de execução.

Carlos Roberto foi julgado e condenado à morte, sem chance de defesa nem apelação. Acusação: usuário de drogas. Não havia provas nem os executores precisavam.

Arrastado para fora de casa, a sentença foi cumprida ali mesmo: execução sumária, com 21 tiros, no meio da rua.

O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal Estácio de Lima, na capital alagoana. Sumiu das pedras de autópsia. Nunca foi encontrado.

A história cruel, porém, se revelaria surpreendente. Por trás do crime, um grupo de extermínio, cujo chefe, apontavam as investigações realizadas mais tarde, era o então vereador Luiz Pedro.

O pai de Carlos Roberto, Sebastião Pereira dos Santos, conseguiu as fotos da autópsia do filho. Mandou ampliá-las. As imagens do corpo estraçalhado pelas balas ajudaram a transformar aquele funcionário público do Detran em símbolo no combate à violência alagoana.

Sua saga por Justiça incluía exibir, em cartazes e pelas ruas, as imagens do filho dilacerado.

Foi assim até o final da própria vida. Morreu em 27 de junho de 2017, aos 78 anos.

Luiz Pedro e os executores do servente de pedreiro (Aézio Rodrigues Nogueira e Laércio Pereira de Barros) só foram julgados e condenados em 24 de setembro de 2015.

Luiz Pedro, autor intelectual, pegou 26 anos e 5 meses de prisão, mas saiu pela porta da frente do fórum do Barro Duro.

Do crime ao julgamento, foram 11 anos de espera. Neste período, Luiz Pedro terminou o mandato dele na Câmara, chegou a ser preso. E da prisão, com uma câmera de celular, gravou pedido de votos no guia eleitoral. Mesmo preso obteve registro de candidatura. Ganhou as eleições para deputado estadual. E foi solto para assumir a vaga na Assembleia Legislativa.

Até hoje, responde pelo crime em liberdade.

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