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CPI da Pistolagem não vai incluir deputados acusados de assassinatos

Com o desfalque de deputados estaduais, mesmo antes de ser criada, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pistolagem da Assembleia Legislativa tem uma “possibilidade menor” de incluir casos de deputados envolvidos em crimes de assassinato, foi o que disse o deputado João Henrique Caldas (PT do B).

Isso significa que nem o vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Antônio Albuquerque (PT do B) nem o deputado João Beltrão (PRTB) ou o suplente Cícero Ferro (PMN)- os três respondendo a pelo menos 12 assassinatos- devem ser incluídos na lista dos ouvidos pela Comissão. Segundo publicação do Diário Oficial do Estado, desta quarta-feira (18), a CPI só investiga a “possível trama para atentar contra a vida dos deputados Dudu Holanda e Maurício Tavares”, mesmo que a “trama” tenha sido descartada pelas autoridades da Polícia Federal.

“Toda CPI tem que ter um caso concreto para se instalar. Se existem outras acusações de assassinato temos que começar por aí para se chegar a uma conclusão”, disse JHC.

“Veja a dificuldade que eu tive para reunir estes elementos. A possibilidade fica menor considerando o plenário que tem uma maioria que historicamente para chegar a determinaso ponto que fosse fugir do debate cenral. Mas, a CPI vai cuidar deste caso específico e possivelmente de outros”, afirmou Caldas.

Até a última quarta-feira, os deputados Marcelo Victor (PMN) e Luiz Dantas (PMDB) haviam desistido da CPI. Victor é acusado de outro crime: furto de energia elétrica.

O ex-deputado estadual Cícero Ferro (PMN) responde ainda pelo assassinato do vereador Fernando Aldo, em outubro de 2007, e pela morte do primo Jacó Ferro.

Albuquerque participou do “consórcio de deputados” para matar o cabo da Polícia Militar José Gonçalves. O PM foi assassinado a tiros em maio de 1996 na Via Expressa, uma das estradas mais movimentadas da capital, Maceió.

Francisco Tenório foi preso dias depois de perder sua imunidade parlamentar.

Segundo documento do MP, a trama da morte do militar José Gonçalves teria sido elaborada na fazenda de Antônio Albuquerque, localizada na cidade de Limoeiro de Anadia, curral eleitoral do parlamentar.

De acordo com o juiz do caso, Maurício Brêda, da 17ª Vara Criminal, o ex-cabo Gonçalves foi assassinado “por motivo torpe”. Ele ainda classificou o crime como “de índole subjetiva, egoístico, revelador da conduta caracterizada pela perversidade”.

Ainda segundo o juiz, o crime teria ocorrido pelo fato do PM ter se negado a cometer um crime a pedido do deputado João Beltrão, na época em que era seu empregado, quando supostamente fazia parte da chamada “turma do João Beltrão”. A trama teria sido revelada pelo ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante, chefe da Gangue Fardada, organização policial criminosa que atuava na década de 1990 em Alagoas e responsável por uma onda de assassinatos a mando de chefes políticos alagoanos e usineiros.

Os três ex-deputados e o deputado Antônio Albuquerque respondem ainda por formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional.

Manoel Cavalcante está solto. É monitorado pela Justiça por tornozeleira eletrônica e conseguiu autorização da Justiça para morar em Santana do Ipanema. Ele quer eleger o filho para a Câmara de Vereadores da cidade.

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