‘Consórcio da Paz’: Governadores reagem à crise de segurança no Rio

A megaoperação policial realizada na última terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, deflagrou uma intensa crise política e motivou a articulação de governadores de oposição.

Em um encontro realizado nesta quinta-feira (30), governadores de estados liderados pela oposição elogiaram a ação policial e prometeram união contra o crime organizado. Participaram da reunião Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Eduardo Riedel (PP), do Mato Grosso do Sul; Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo (por videoconferência); e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), representando Ibaneis Rocha (MDB).

O grupo prometeu criar o “Consórcio da Paz”, uma iniciativa para que os estados compartilhem experiências e informações no combate ao crime organizado.

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), anfitrião do encontro e alvo das críticas e apurações, voltou a defender a classificação das facções criminosas como organizações narcoterroristas. “Terrorismo é pela ação e não pela motivação. Se a ação é terrorista, aquilo é terrorismo, não importa a motivação”, afirmou.

Mais cedo, Castro também recebeu uma comitiva de mais de 20 parlamentares de direita. Ele aproveitou a ocasião para pedir mudanças em um trecho da PEC da Segurança que, segundo ele, retira a autonomia das polícias estaduais, além de solicitar a destinação de emendas para a segurança pública do Rio.

Em contrapartida à articulação opositora, o Ministério dos Direitos Humanos enviou a ministra Macaé Evaristo ao Rio de Janeiro.

Em conversa com parentes dos mortos na operação, ela prometeu uma perícia independente e classificou a ação como um “fracasso”. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por sua vez, anunciou o envio de 20 peritos criminais da Polícia Federal ao estado para auxiliar nas investigações.

Em meio à crise na capital fluminense, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei de autoria do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) que criminaliza a obstrução e a conspiração de ações que tentem dificultar o combate ao crime organizado, prevendo pena de quatro a doze anos de prisão.

Nos bastidores, Lula exigiu que seus ministros confrontem as críticas ao governo e rebatam as acusações de falta de apoio ao Rio.

O presidente se mostrou incomodado com a repercussão negativa nas redes sociais e mobilizou auxiliares para evitar a disseminação do discurso de que o governo federal não tem capacidade de atuar na área da segurança pública.

A megaoperação, que resultou em 121 mortos, 113 presos e 91 fuzis apreendidos, também motivou a intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF). O governo do Rio informou que o ministro Alexandre de Moraes viajará ao estado na próxima segunda-feira (3) para realizar audiências com o governador Cláudio Castro, policiais, procuradores e outras autoridades sobre o ocorrido.

Castro terá que explicar todos os detalhes da operação, conforme solicitado pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos.

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, assegurou que o governo do estado “não tem nada a temer”, pautando as ações na transparência.

*Com Agências

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